Bandeira de Portugal: Miguel Relvas insistiu que o caminho adotado por Portugal é o correto e se mostrou convencido que acabará por beneficiar o país (Jamie McDonald/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 20h00.
Lisboa - Uma imprevista queda do PIB de 3,8%, que se soma ao histórico aumento do desemprego até 16,9%, surgem como obstáculos à recuperação econômica de Portugal, após dois anos de austeridade e resgate financeiro.
A oposição de esquerda reagiu à publicação desses dados com críticas duras à política econômica do Governo conservador, a quem responsabilizou por levar o país "ao desastre" por cumprir com todo rigor os ajustes orçamentários exigidos pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
No entanto, um dos membros mais influentes do Governo, Miguel Relvas, ministro adjunto do chefe do Executivo, Pedro Passos Coelho, insistiu que o caminho adotado por Portugal é o correto e se mostrou convencido que acabará por beneficiar o país.
O Instituto Nacional de Estatística luso (INE) publicou nesta quinta-feira seus cálculos sobre o Produto Interno Bruto (PIB) que mostram uma queda de 3,2% em 2012, entre dois e quatro décimos superior às previsões dos organismos internacionais e do próprio Governo.
Revelou, além disso, que a economia portuguesa, longe de melhorar no final de ano, acentuou sua deterioração com um retrocesso ainda mais alto, de 3,8%, no último trimestre de 2012.
Quando Passos Coelho começou a aplicar, logo após chegar ao poder em junho de 2011, as duras condições do resgate financeiro de Portugal, anunciou que no final de 2012 a economia começaria a melhorar.
Posteriormente, após sucessivos planos de austeridade, atrasou a recuperação do crescimento até finais de 2013 e hoje o ministro Relvas assinalou que será "a partir de 2014" quando começarão a ver sinais de melhoria, embora tenha sido cauteloso na hora de considerar se já passaram os piores momentos da crise em Portugal.
A situação "seguirá sendo delicada", admitiu, enquanto os dirigentes do Partido Socialista (PS, principal da oposição) e das forças marxistas do Parlamento não duvidaram em prever que Portugal não sairá da espiral de austeridade e recessão sem uma política decidida de estimulo ao crescimento e ao emprego.
O agravamento da recessão foi anunciado 24 horas após a divulgação de um novo aumento do desemprego, que se situou no final de 2012 em 16,9%, um nível nunca visto por esta geração de portugueses e que duplica o registrado há três anos, no início da crise.
Passos Coelho não comentou hoje publicamente o retrocesso do PIB, mas na quarta-feira reconheceu perante os jornalistas que a alta do desemprego "é cada vez mais dramática".
O governante, que defende a política de austeridade e cortes orçamentários como a única via para sair da crise, se mostrou convencido que a tendência de alta do desemprego será controlada ao longo deste ano e lembrou os graves problemas econômicos que herdou da administração socialista (2005-2011).