Bilheterias despencam: queda na receita dos cinemas é um dos efeitos da baixa circulação de pessoas que temem epidemia (Paul Yeung/Bloomberg)
Ligia Tuon
Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 06h01.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2020 às 06h01.
A maior questão para a economia global é a rapidez com que as operações na China podem voltar ao normal enquanto o país tenta combater o surto de coronavírus, que já matou quase 1,9 mil pessoas e infectou dezenas de milhares.
Controles do governo e o medo das pessoas de sair de casa fizeram despencar gastos em lanchonetes, cafés da Starbucks e entregadores do Alibaba. Enquanto isso, muitas fábricas ainda não estão operando devido à falta de funcionários. Muitos trabalhadores estão presos em suas cidades de origem ou em quarenta de duas semanas.
A economia da China operava com apenas 40% a 50% da capacidade na semana passada, segundo relatório da Bloomberg Economics.
O número de viagens de avião, trem, automóvel e barco nos dias anteriores ao Ano Novo Lunar deste ano foi praticamente o mesmo em comparação ao mesmo período de 2019, mas a queda desde o primeiro dia do Ano do Rato, em 25 de janeiro, é impressionante.
Em média, apenas cerca de 20% das viagens diárias são realizadas, o que significa que milhões de pessoas ainda não voltaram ao trabalho. Ônibus de longa distância foram obrigados a operar com apenas 50% da capacidade para reduzir os riscos de transmissão viral, por isso, esse gargalo vai levar muito tempo para ser resolvido.
Embora algumas empresas, especialmente grandes estatais industriais e as que fabricam equipamentos médicos, tenham aumentado a produção, a demanda por eletricidade ainda está bem abaixo de onde deveria estar nesta época do ano. Os números do consumo de energia sugerem que grande parte da capacidade industrial do país permanece inativa.
Emissões de dióxido de nitrogênio na semana após o feriado estavam 36% abaixo do nível no mesmo período após o feriado do Ano Novo em 2019, de acordo com o Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, que citou dados de satélite. Uma desaceleração de 25% a 50% nos setores industriais, como refino de petróleo, geração de energia a carvão e produção de aço, contribuiu para a queda, segundo a organização de pesquisa independente.
Uma pesquisa com 109 fábricas dos EUA em Xangai e arredores mostrou que, embora quase 70% estivessem operando na semana passada e mais de 90% esperassem retomar as operações nesta semana, 78% das empresas disseram que não tinham funcionários suficientes para operar uma linha de produção completa.
O Alibaba, a primeira grande empresa chinesa de tecnologia a divulgar balanço desde o surgimento da epidemia em janeiro, disse que o vírus reduziu a produção e mudou os padrões de compra. Os consumidores diminuíram gastos discricionários, como viagens e restaurantes.
Essa queda dos gastos discricionários pode ser vista claramente nas menores receitas dos cinemas neste Ano Novo Lunar.
Mesmo que as pessoas queiram gastar, muitas lojas estão fechadas e varejistas on-line e off-line enfrentam problemas logísticos para fornecer produtos aos clientes. Essa situação pode continuar até que o vírus seja contido, as pessoas voltem ao trabalho e recebam salários e se sintam confiantes para gastar novamente.
(Com a colaboração de Feifei Shen, Jasmine Ng, Shirley Zhao, Aaron Clark e Yinan Zhao).