A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva, na cerimônia de abertura do congresso do Partido dos Trabalhadores, em Brasília (Reuters//Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2011 às 10h01.
Brasília - O PT aprovou ontem uma resolução política que pede "medidas mais ousadas" para garantir a redução dos juros e conter a desvalorização cambial.
A resolução, que ainda pode ser modificada por emendas neste domingo, é aprovada no momento em que o governo Dilma Rousseff se esforça para ter uma política fiscal mais austera e o Banco Central surpreendeu o mercado reduzindo a taxa Selic em 0,5 ponto percentual esta semana, para 12 por cento ao ano.
O corte do juro básico gerou dúvidas sobre a autonomia do BC, já que dias antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) a presidente havia dito que o governo esperava a queda dos juros após anunciar o aumento da meta de superávit primário deste ano em 10 bilhões de reais.
Mas o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reafirmou a posição do governo garantindo autonomia do Banco Central. "O BC percebeu o esforço do governo e avaliou o cenário internacional", afirmou o ministro à Reuters neste sábado.
O texto aprovado no 4o Congresso Nacional do PT afirma que "a questão dos juros e do câmbio precisa ser enfrentada com medidas mais ousadas. O câmbio elevado é uma ameaça à economia brasileira, que exigirá no curto prazo medidas de impacto, capaz de frear o livre ingresso de dólares".
A resolução política do PT pede ainda que sejam incentivados novos "instrumentos financeiros" que complementem a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos financiamentos de longo prazo, mas não especifica quais mecanismos devem ser adotados.
Ainda na questão econômica, o PT defende que o Brasil se articule com os demais países emergentes "para instituir mecanismos efetivos de regulação financeira e combate à guerra cambial", diz o texto básico aprovado.
CORRUPÇÃO
A resolução política aprovada pelos petistas diz que as seguidas quedas de ministros no governo Dilma desde o seu início, há oito meses, é fruto de uma campanha midiática que tem o apoio da "oposição".
Desde o início do governo, quatro ministros perderam seus cargos e nos ministérios dos Transportes, do Turismo e da Agricultura dezenas de assessores de escalões inferiores foram demitidos por serem acusados de envolvimento com irregularidades.
"O PT deve repelir com firmeza as manobras da mídia conservadora e da oposição de promover uma espécie de criminalização generalizada da conduta da base de sustentação do governo", diz a resolução.
Na abertura do Congresso, na sexta-feira, a presidente Dilma voltou a dizer que zelará pela boa aplicação dos recursos públicos, mas não estabelecerá como meta da sua gestão o combate a corrupção.
ELEIÇÕES
No pleito municipal do ano que vem, o PT pretende lançar candidaturas próprias nas cidades que já governa e nos municípios que tenham mais de 150 mil habitantes. Porém, a resolução aprovada reafirma a necessidade de formar alianças com os partidos que compõem a coalizão de Dilma no Congresso.
"Nosso objetivo é ampliar fortemente a presença do PT e seus aliados no comando dos municípios brasileiros e nas Câmaras de Vereadores, especialmente as capitais e cidades com mais de 150 mil habitantes", diz o texto.