Para Atkinson, as decisões econômicas do governo brasileiro são feitas "de cima para baixo", sem levar em conta o que pensam as empresas (REUTERS/Paulo Whitaker)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2013 às 15h35.
São Paulo - Os protestos que estão sendo realizados em diversas cidades do país e que levaram cerca de um milhão de pessoas às ruas na quinta-feira, 20, não devem afetar o ambiente de negócios brasileiro ou afastar os investidores internacionais, desde que a violência registrada até agora não cresça ou caminhe para a organização de barricadas que impeçam a circulação de pessoas e mercadorias.
Essa é a opinião de Robert Atkinson, presidente da Fundação de Inovação e Tecnologia da Informação (ITIF, na sigla em inglês), entidade baseada em Washington, nos Estados Unidos, e membro da força-tarefa em segurança da informação da Casa Branca E conselheiro para o campo da inovação de diferentes governos estaduais dos EUA.
"Desde que não se tornem violentos ou que durem meses com barricadas em rodovias impedindo a circulação de pessoas e bens, os protestos não afetarão o ambiente de negócios ou os investimentos", afirmou. "Até o momento, a visão internacional é de que o Brasil está começando a ouvir as demandas da sua nova classe média e se tornando ainda mais democrático."
Segundo Atkinson, as empresas multinacionais no Brasil também demandam mais transparência do governo e melhor interlocução, assim como os manifestantes. Para ele, as decisões econômicas do governo brasileiro são feitas "de cima para baixo", sem levar em conta o que pensam as empresas.
"Assim como os manifestantes, as multinacionais também querem mais transparência no Brasil. Há uma série de ações discriminatórias contra elas. As empresas estão acostumadas com ambientes como o europeu e o norte-americano, onde os processos de decisões governamentais envolvem consulta às empresas e aos movimentos sociais. É um ambiente mais transparente", defendeu.
Para Atkinson, que participou de um evento no Insper, na zona sul da capital paulista, atualmente as multinacionais vêm para o Brasil pela necessidade de estar perto do mercado consumidor nacional, que em sua opinião é muito grande, mas o ambiente de negócios atual não incentiva a vinda de novas multinacionais.
"O governo faz uma queda de braço com as multinacionais. Diz que se elas não se instalarem aqui elas não terão acesso a esse mercado. Forçam a presença. Com isso você consegue alguma coisa. Mas não é como em Cingapura ou Israel, que as empresas disputam entre si quem vai para esses países porque têm um ambiente favorável à inovação e ao desenvolvimento", disse.