Economia

Protecionismo será discutido entre FMI e Banco Mundial

Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, destaca que o comércio global se desacelerou nos últimos anos


	Se dermos as costas ao comércio agora, estaremos afogando um impulso fundamental do crescimento, disse Christine Lagarde
 (Tobias Schwarz/AFP/AFP)

Se dermos as costas ao comércio agora, estaremos afogando um impulso fundamental do crescimento, disse Christine Lagarde (Tobias Schwarz/AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2016 às 12h09.

Washington, 2 out (EFE).- A preocupação com a crescente onda de protecionismo e as persistentes sombras geradas por um crescimento global "frágil e desigual" centrarão a assembleia anual do Fundo Monetário Internacional (<a href="https://exame.com.br/topicos/fmi"><strong>FMI</strong></a>) e o <a href="https://exame.com.br/topicos/banco-mundial"><strong>Banco Mundial</strong></a> (BM) que acontecerá nesta semana em Washington.</p>

"Se dermos as costas ao comércio agora, estaremos afogando um impulso fundamental do crescimento em um ponto no qual a economia global ainda se encontra necessitada de qualquer boa notícia", declarou Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, em uma conferência nesta semana na Universidade Northwestern de Chicago.

Em seu discurso, Lagarde destacou que o comércio global se desacelerou nos últimos anos.

Tanto nos EUA, com o candidato republicano à presidência Donald Trump advogando por elevar as tarifas tarifárias e renegociar acordos comerciais, como na Europa, onde a vitória da opção de saída do Reino Unido do bloco europeu potencializou os discursos nacionalistas, está emergindo uma onda global a favor do protecionismo comercial.

"A restrição do comércio é um caso claro de má prática econômica. Mais que ajudar esses setores da economia que se quer proteger, fechar-se ao comércio denegaria às famílias e trabalhadores grandes oportunidades", alertou Lagarde.

Neste contexto, a assembleia anual do FMI e do BM, que congregará nesta semana em Washington os principais líderes econômicos mundiais, voltará a insistir nos benefícios da globalização, algo especialmente urgente em um momento no qual o crescimento, em palavras da diretora do Fundo, "continua sendo demais baixo durante demais tempo, e para muito poucos".

Se em anteriores ocasiões as reuniões de ambas instituições financeiras internacionais tinham tido que encarar problemas mais específicos, as dúvidas parecem se concentrar agora no próprio conceito de globalização e suas consequências econômicas.

O triunfo do "Brexit", como é conhecida a saída britânica da União Europeia que tinha sido qualificada de grave risco econômico pelo Fundo, representa um ponto de inflexão no tradicional discurso econômico.

Estas questões serão refletidas sem dúvida no relatório da organização, as "Perspectivas Econômicas Globais", no qual atualizará as previsões de julho, quando situou em 3,1% o crescimento mundial para este ano e 3,4% para 2017.

Por outro lado, as prévias advertências sobre um baixo crescimento se transformaram em alarmes e preocupação explícita sobre a possibilidade de vivermos um período de estagnação prolongado que impeça reverter o aumento na desigualdade de ingressos, particularmente nas economias avançadas, e nas quais o impulso do estímulo monetário parece esgotado.

"Talvez o fato macroeconômico mais surpreendente sobre os avançados é como o crescimento é tão anêmico com as taxas de juros perto de zero", ressaltou Olivier Blanchard, ex-economista-chefe do Fundo, em um recente artigo publicado pelo centro de estudos Peterson Institute for International Studies (PIIE) de Washington.

Neste sentido, Blanchard recalcou que "o espaço para a política monetária, que carregou grande parte da responsabilidade, é cada vez mais limitado", com os juros nos EUA, na zona do euro e no Reino Unido próximos a níveis excepcionalmente baixos; por isso que a solução agora passa por empregar com mais "agressividade" o lado fiscal.

No marco da reunião, que se estenderá de 4 a 9 de outubro, será realizada, além disso, uma cúpula ministerial do G20, grupo atualmente presidido pela China, e haverá vários painéis com acadêmicos e autoridades sobre os desafios econômicos mundiais. EFE

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