Dólares: estrategistas consultados pela Bloomberg ficaram, em média, 11 pontos percentuais distantes neste ano em suas previsões para as 16 moedas globais mais negociadas (Thinkstock/Ingram Publishing)
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2015 às 15h08.
Santiago – Para os analistas de taxas de câmbio, 2015 foi um ano horrível.
Os estrategistas consultados pela Bloomberg ficaram, em média, 11 pontos percentuais distantes neste ano em suas previsões para as 16 moedas globais mais negociadas, o pior desempenho em dados desde 2010.
Analistas tinham projetado que o peso mexicano seria a maior estrela deste ano, esperando uma valorização de 9,3 por cento contra o dólar. A moeda recuou 13 por cento.
Eles previram uma valorização modesta para o dólar canadense, que, na verdade, caiu 17 por cento.
Dois principais culpados derrubaram as estimativas das moedas em 2015: a queda nos preços das commodities ao nível mais baixo em 16 anos e a queda nos mercados emergentes, que desacelerou o crescimento para países em desenvolvimento ao ritmo mais lento desde a crise financeira de 2009.
O Fed também fortaleceu o dólar ao começar o primeiro ciclo de aumentos das taxas de juros em nove anos.
“Nos últimos anos, os economistas têm sido consistentemente otimistas com crescimento global e crescimento de mercados emergentes, só para terminarem desapontados”, disse Bernd Berg, estrategista de mercados emergentes em Londres no Société Générale, que foi mais preciso do que a maioria sobre o real, mas errou totalmente com o peso da Colômbia.
“Os preços das commodities já tinham caído significativamente em 2014, e depois se estabilizaram, por isso a maioria das pessoas esperava que as commodities ficassem estáveis em 2015. Obviamente, isso não aconteceu”.
Também os gestores de fundos de moedas tiveram um ano ruim. O índice Parker Global Currency Manager dos maiores fundos caiu 2,2 por cento em 2015 e caminha para seu pior ano desde 2011.
Previsões pessimistas
Em todo o mundo, os analistas foram razoavelmente bem em duas previsões mais pessimistas para 2015. A previsão mediana era que o bolívar da Venezuela caísse 82 por cento, em sintonia com o declínio visto no mercado paralelo, de acordo com o dolartoday.com. (A moeda não sofreu alterações no mercado oficial, ao qual quase ninguém tem acesso.)
Projetava-se que o peso argentino perderia 30 por cento. Houve uma queda de 35 por cento depois de uma desvalorização no dia 17 dezembro, quando o presidente recém-eleito, Mauricio Macri, cumpriu a promessa de deixar a moeda flutuar livremente.
No entanto, na maioria dos casos, os analistas de moedas foram otimistas demais porque os analistas de commodities estavam errados sobre a trajetória das principais matérias- primas. No final de 2014, a estimativa mediana era que o petróleo bruto West Texas Intermediate avançaria cerca de 30 por cento, para US$ 70 por barril.
Na verdade, ele está sendo negociado perto da metade desse valor, e os analistas não esperam que volte a US$ 70 nos próximos quatro anos.
Embora as maiores oscilações talvez tenham acontecido nos mercados emergentes, entre as moedas do G10 — onde mais de 90 por cento das transações ocorrem — as previsões tampouco foram boas. O tão esperado ciclo de aumentos do Fed e a divergência de política com o Banco Central Europeu empurraram o euro para baixo quatro vezes mais do que a estimativa mediana.
Previsões para 2016
A precisão das previsões para o próximo ano mais uma vez depende de moedas ligadas a commodities. Analistas consultados pela Bloomberg esperam que o dólar da Nova Zelândia lidere os ganhos globais em relação ao dólar, com uma apreciação de 9,8 por cento. O dólar australiano e o peso colombiano assumem os dois seguintes lugares no gráfico.
Os pessimistas mais uma vez se concentram no peso argentino, com expectativas de que a moeda perca 11 por cento de seu valor. Os analistas projetam uma queda de 12 por cento da grívnia da Ucrânia e um declínio 7,3 por cento na rúpia da Indonésia.
A ascensão do dólar dos EUA, que se valorizou 23 por cento desde o final de junho do ano passado, está chegando ao fim, argumenta Jan Dehn, chefe de pesquisa da Ashmore Group. Traders precificaram um crescimento econômico mais rápido, que agora parece menos certo com a elevação das taxas do Fed.
Na verdade, o dólar se fortaleceu tanto que há risco de uma recessão nos EUA, disse Dehn, uma opinião compartilhada por Jeffrey Gundlach, da DoubleLine Capital. “O dólar está atingindo o ponto máximo”, disse Dehn.