Cana de açúcar é descarregada em uma usina de processamento da Unica, em São José do Rio Preto (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2014 às 17h27.
Rio de Janeiro - A redução da estimativa para a produção de etanol do centro-sul nesta terça-feira, pela indústria de cana, poderá causar "leve" impacto nos preços do biocombustível, afirmou o diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Luciano Libório.
Ao revisar suas projeções para o ano, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) estimou que a produção total de etanol será de 24 bilhões de litros, queda de 7,2 por cento frente à projeção inicial, realizada em abril.
O volume é ainda 6,14 por cento menor que o da safra passada.
Numa análise mais detalhada, a produção de etanol anidro (misturado à gasolina) ainda vai crescer 2,8 por cento ante 13/14, enquanto a produção de hidratado (usado nos carros flex) cairá quase 13 por cento na comparação com a safra passada.
A mudança de cenário na região que produz quase todo o etanol do Brasil ocorreu devido a condições climáticas desfavoráveis.
Mas, para o diretor do Sindicom, a revisão da projeção e sua magnitude não causou surpresa.
"O número é bem menor do que tinham falado no início, mas acho que a sinalização já estava muito nesse sentido, foi mais uma confirmação", disse Libório, à Reuters.
Apesar de destacar que os analistas de mercado já estavam esperando por uma revisão da Unica e que já podem ter precificado a mudança, Libório não descarta um possível impacto nos preços do etanol.
"Com a redução da projeção de oferta, o mercado já tenta se reequilibrar pelo balanço de oferta e demanda, faz um ajuste leve em preço, provável, mas não dá para afirmar; e se isso não acontecer agora, acontece um pouco mais na frente", afirmou.
Segundo a Unica, as vendas acumuladas de etanol de abril até 16 de agosto, no mercado doméstico, pelas unidades do centro-sul, estão em alta.
O volume vendido de anidro atingiu 3,63 bilhões de litros, alta de 8,18 por cento sobre o mesmo período de 2013.
O diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, declarou, em nota, que a redução da produção não trará risco para o abastecimento doméstico de etanol.
"Esse declínio das exportações e a menor produção de açúcar compensarão quase integralmente o recuo da produção de etanol combustível, dando total segurança para o abastecimento doméstico", afirmou Rodrigues.