Economia

Em 10 anos, produzir no Brasil ficou mais caro que nos EUA

Energia mais cara e salários em alta sem aumento de produtividade fizeram explodir o custo de produzir no país, segundo estudo do Boston Consulting Group


	Trabalhador em uma fábrica de sucos: produtividade cresceu só 1% ao ano
 (Marcos Issa/Bloomberg/Reprodução)

Trabalhador em uma fábrica de sucos: produtividade cresceu só 1% ao ano (Marcos Issa/Bloomberg/Reprodução)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de agosto de 2014 às 11h35.

São Paulo - Em 2004, produzir no Brasil era 3% mais barato do que nos Estados Unidos. 10 anos depois, é 23% mais caro.

A conclusão é de um novo estudo da consultoria Boston Consulting Group sobre custos nas 25 maiores economias exportadoras do mundo.

O Brasil ficou empatado com a Itália e a Bélgica como o quarto país menos competitivo, na frente apenas de Austrália, Suíça e França.

Foram levadas em conta 4 dimensões: salários, produtividade do trabalho, custos de energia e taxas de câmbio.

No caso brasileiro, houve um forte aumento na energia elétrica e no gás natural, mas o que pesou mais foi uma combinação de aumento dos salários (que dobraram nas fábricas) com baixo aumento de produtividade (só 1% ao ano entre 2004 e 2014).

"Salários mais altos são tipicamente um sinal saudável de desenvolvimento, e uma década de crescimento econômico estável permitiu a milhões de famílias sair da pobreza para a classe média. Mas salários em alta não levaram a ganhos de produtividade.", diz o relatório.

Isso pode ser atribuído, segundo o BCG, a fatores como infraestrutura inadequada, falta de investimentos e um ambiente caro e complexo para os negócios.

Um novo mapa

De 4 grupos, o Brasil foi colocado em "Sob Pressão", aqueles tradicionalmente de baixo custo cujas condições se deterioraram, junto com China, República Tcheca, Polônia e Rússia.

Austrália e França estão entre os países "Perdendo Espaço", Índia e Reino Unido entram no time que está "Segurando Firme" e México e EUA são "Estrelas Globais em Ascendência"

A BCG conclui que o mapa da competitividade foi redesenhado e já não não se divide mais de forma binária. Hoje, ele lembra mais um mosaico, com economias de alto e baixo custo em todas as regiões:

"Quem pensaria há uma década atrás que o Brasil seria hoje um dos países de mais alto custo para a manufatura e que o México seria mais barato que a China?", diz o relatório.

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