Para Sharman, apesar de o país não ser um consumidor tradicional de vinho, ele tem uma boa predisposição para novidades e os brasileiros não têm ideias preconcebidas (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2013 às 19h08.
São Paulo - A ascensão da nova classe média ávida por novidades e um crescente interesse por gastronomia fazem do Brasil, onde o consumo de vinho está abaixo de dois litros por pessoa por ano, um mercado de muito potencial para os produtores vinícolas do mundo.
"Acreditamos muito no potencial do mercado brasileiro", disse à Agência Efe Richard Sharman, representante da associação Wines of Chile, que está no Brasil para participar de uma feira de vinhos em São Paulo.
Na opinião do especialista, o mercado brasileiro ainda está sendo definido, e o perfil do consumidor é dividido entre os grandes conhecedores do vinho e aqueles desejosos em saber mais sobre essa bebida.
Sharman disse que, quando os brasileiros viajam para o Chile e visitam as adegas, "ficam maravilhados com a qualidade do vinho", e também destacou que o Brasil é um terreno "fértil" para os vinhos chilenos.
Além disso, ele destacou que apesar de o país não ser um consumidor tradicional de vinho, tem uma boa predisposição para novidades, e que os brasileiros não têm ideias preconcebidas.
"Estão mais dispostos a provar vinho do Novo Mundo", disse.
Essa opinião é compartilhada na Argentina, cujos representantes do setor destacam ainda as vantagens tarifárias devido ao Mercosul.
O diretor-geral da Fundação ProMendoza, instituição de promoção das exportações dessa região argentina, Alejandro Fadel, destacou que em relação ao Brasil não existem barreiras culturais.
Fadel explicou à Efe que 60% das vendas dessa região para o exterior são de vinhos, e destacou a trajetória de alta de um setor que há quase 15 anos não estava internacionalizado e que a partir de 2001 vivenciou um crescimento, fechando o ano de 2012 com um aumento de 7% das exportações.
Os principais clientes dos vinhos de Mendoza são os Estados Unidos, que recebem 50% das exportações, seguidos do Canadá. Já o terceiro lugar é disputado por Reino Unido e Brasil.
Com o objetivo de expandir o conhecimento desta bebida e impulsionar o negócio dos grandes produtores vinícolas foi iniciada em São Paulo a feira ExpoVinis Brasil, que reúne mais de 400 expositores de todo o mundo.
A feira engloba vinícolas dos principais países produtores do mundo, incluindo a Espanha, que neste ano teve uma grande representação.
O responsável pela promoção dos vinhos do Instituto de Promoção de Castilla-La Mancha (IPEX), Quintín Villamayor, destacou que no Brasil o consumo de vinho está crescendo, um fator que está relacionado ao desenvolvimento do país.
Villamayor considera que Castilla-La Mancha, região responsável por 8% da produção mundial de vinhos, tem "potencial de crescimento" no Brasil, mas advertiu que a Espanha pode se posicionar como produtor mundial e "referencia de qualidade", por isso deve reforçar as estratégias de comunicação.
Além disso, o representante do IPEX no Brasil, Antonio González Palacios, destacou que o consumo de vinho no país - 1,8 litro por pessoa por ano - é estacional, aumenta durante o inverno, e está associado a determinadas festividades religiosas como o Natal.
Em cinco anos as vendas de vinho manchego cresceram 50% no Brasil, país no qual mais de 30 adegas dessa região espanhola colocam seus produtos.
No encontro também estava presente a Federação Espanhola do Vinho, que apresentou um espaço para degustações não só de vinhos, como de queijos e presuntos.
No Brasil, o interesse geral pela gastronomia está crescendo, por isso o mercado está ganhando espaço, explicou a Federação.