Diesel: os testes devem ser concluídos em 18 meses (Paulo Whitaker/Reuters)
Reuters
Publicado em 5 de julho de 2017 às 16h09.
Rio de Janeiro - Associações de produtores de biodiesel assinaram nesta quarta-feira um termo de cooperação com a BR Distribuidora e a Petrobras Bicombustíveis para a realização de testes que visam o aumento da mistura do biocombustível no diesel comum, um dia após o governo ter sinalizado intenção de antecipar misturas.
O estudo irá avaliar a mistura de 10, 15 e 20 por cento de biodiesel no diesel comum. Atualmente, a mistura obrigatória no Brasil é de 8 por cento.
O diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, afirmou à Reuters que o acordo prevê que os produtores irão fornecer 800 mil litros de biodiesel para a realização dos testes, sendo que apenas cerca de 130 mil litros serão destinados à mistura de 10 por cento.
"Para o teste de B10 serão utilizados apenas 130 mil litros. Isso demonstra que o B10 não é um problema para o mercado", afirmou Tokarski, em uma conversa por telefone.
Os estudos serão realizados a partir de grupo de trabalho instituído pelo Ministério de Minas e Energia, com essa missão, em junho do ano passado. Também estão previstos ensaios em motores e veículos para validar a utilização das misturas.
Os testes devem ser concluídos em 18 meses, segundo o representante da Ubrabio, sendo que os do B10 precisam ser finalizados até no máximo fevereiro de 2018, a tempo para que a nova mistura passe a ser obrigatória no mês seguinte, conforme o segmento espera.
Na terça-feira, segundo Tokarski, o presidente da República, Michel Temer, confirmou que haverá o aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil para 10 por cento, em 1 de março do ano que vem, um ano antes do previsto.
No entanto, Tokarski ponderou que a decisão ainda precisa ser aprovada em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e publicada no Diário Oficial da União.
Os produtores também querem que a mistura seja elevada para 9 por cento ainda neste ano, o que não foi prometido pelo governo federal, segundo Tokarski.
Outra demanda do setor é que o governo federal apresente maior previsibilidade para o crescimento da oferta de biodiesel nos próximos anos. A expectativa do segmento é que até 2030 seja obrigatória a mistura de, no mínimo, 20 por cento de biodiesel no diesel comum.
Tokarski ressaltou que o Brasil tem atualmente capacidade para produzir 7,7 bilhões de litros do biocombustível por ano, mas que a previsão para 2017 é de produção de apenas cerca de 4 bilhões de litros. Enquanto isso, as importações de diesel comum seguem crescentes no país.
Nos primeiros cinco meses do ano, as importações de diesel fóssil cresceram 60 por cento ante o mesmo período do ano anterior, para o nível histórico de 4,44 bilhões de litros, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Com a queda nos preços no mercado internacional e valores mais altos praticados pela Petrobras, outras empresas aproveitaram a oportunidade para elevar suas importações do combustível fóssil.
"O diesel fóssil importado não gera emprego no país... quando fazemos um cálculo socioeconômico e ambiental, o biodiesel tem muito mais vantagem que o diesel comum, que é considerado um cancerígeno pela própria Organização Mundial de Saúde", afirmou Tokarski.