Em sua 4ª edição, aberta nesta quarta-feira (20), a Feira Green Rio promoveu, pela primeira vez, uma rodada de negócios internacionais (Antonio Milena/EXAME)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2015 às 08h45.
Última atualização em 27 de novembro de 2018 às 12h23.
Brasília - Os produtores de alimentos orgânicos estão mirando o mercado exterior como forma de expandir os negócios e até se proteger do momento delicado da economia brasileira.
Se a produção de alimentos, bebidas e cosméticos feita sem uso de adubos químicos e agrotóxicos ainda é novidade para muitos brasileiros, o contrário acontece no exterior, onde há décadas esse tipo de artigo é muito valorizado.
Em sua 4ª edição, aberta nesta quarta-feira (20), a Feira Green Rio promoveu, pela primeira vez, uma rodada de negócios internacionais para encurtar a distância entre o produtor nacional e os compradores estrangeiros.
A coordenadora de negócios da rodada de negócios da feira, Monica Werneck, destacou o crescimento do mercado de orgânicos, na contramão da situação econômica do país.
“Convidamos dez importadores de empresas de fora para que conheçam os produtos dos expositores. Este ano temos empresas do Peru, da Colômbia, da Dinamarca, da Estônia. A expectativa é que dobrem os negócios, exatamente por causa da rodada de negócios internacional”, disse Monica.
Um dos casos de sucesso é o do jovem empresário João Paulo Satamini, de 32 anos, proprietário da empresa Brasilbev, que já exporta suas bebidas energéticas e chás mate orgânicos para sete países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Japão.
“Conseguimos fazer um produto orgânico com preço agressivo, que está competindo com os convencionais. Temos certificados orgânicos pelo Ministério da Agricultura, por Estados Unidos, Europa e Canadá. Nossa primeira certificação levou um ano e meio”, disse Satamini, que lançou o energético há quatro anos e as linhas de chás há quatro meses.
A rodada de negócios internacional foi organizada pela Associação Brasileiras dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (Abba), dentro do projeto Brazilian Flavors.
A presidente executiva da Abba, Raquel de Almeida Salgado, destacou que a conquista do mercado exterior é possível, mas demanda comprometimento das empresas.
Ela considera que a busca da exportação pode ser um caminho sem volta. “Só não vai ser um caminho sem volta se o empresário não estiver preparado para isso, se for uma aventura.
Existem quatro cês: a capacitação, o conhecimento, a cultura exportadora e o comprometimento. Se ele não tiver isso, vai ser um aventureiro. Ao ir, ele tem que ficar e incrementar. Não, ir e voltar”, aconselhou Raquel.
O mercado de orgânico também tem espaço para grandes empresas, como a Korin Agropecuária, especializada na produção de carnes orgânicas e ambientalmente sustentáveis.
Segundo o diretor-superintendente da empresa, Reginaldo Morikawa, o mercado de orgânicos está se desenvolvendo no país, na contramão da crise.
“O orgânico leva consigo a questão de ser um produto seguro. Com isso, faz com que o mercado cresça, independentemente da crise. A maior dificuldade é achar a matéria-prima orgânica. Existe a necessidade da indústria fazer uma integração dessa produção, para ter certeza que terá o produto”.
O faturamento da Korin apresentou um forte crescimento nos últimos anos, saindo de R$ 20 milhões, em 2007, e atingindo R$ 94 milhões em 2014. Do total produzido, 40% é totalmente orgânico e 60% produtos sustentáveis.
O frango, que é o carro-chefe, é considerável sustentável por ser livre de antibióticos e alimentado com ração vegetal. A empresa está exportando para Oriente Médio, China e Japão.
“Eles dão valor ao bem estar animal e à preservação ecológica. O mercado de orgânico para a Korin está positivo, crescente e deve continuar assim por mais dez anos”, disse Morikawa.
A feira Green Rio prossegue nesta quinta-feira (21), no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico.