O ganho de produtividade na economia é considerado importante porque ajuda a manter o crescimento de longo prazo (Angel Navarrete/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2013 às 11h11.
Sao Paulo - O histórico da indústria brasileira revela uma baixa contribuição da produtividade para o avanço do setor. Em três das últimas quatro décadas, o emprego foi o principal responsável pela alta da produção industrial.
A produtividade só teve papel decisivo nos anos 90, por causa do controle da inflação e da abertura da economia, o que obrigou as empresas a investir na gestão para competir com os produtos importados. "Nesse período, houve um enxugamento forte porque as empresas estavam com excesso de trabalho e a inflação não permitia identificar os custos", diz Renato da Fonseca, gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e responsável pelo estudo. Nos anos 90, o emprego na indústria caiu 4,6%.
Os cálculos do estudo foram feitos com base na produção física da indústria calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e nos indicadores de emprego da CNI.
O ganho de produtividade na economia é considerado importante porque ajuda a manter o crescimento de longo prazo. "Mesmo na década de 70, período do milagre econômico brasileiro, houve uma forte entrada de pessoas no mercado de trabalho", diz Fonseca.
Entre 1970 e 2010, a produção da indústria de transformação brasileira cresceu a uma taxa média de 3,2%, segundo o estudo. O resultado ficou acima de países desenvolvidos, como Estados Unidos (2,9%) e Japão (2,7%), mas abaixo do resultado das indústrias da Coreia do Sul (10,6%) e de Taiwan (8,2%).
Num recorte mais recente, a produtividade também vem caindo. Entre 2006 e 2012, ela recuou 3,3%, enquanto o emprego avançou 12,7% e os salários em reais cresceram 19,7%, revela o estudo. Esse descompasso pode ser em parte explicado pela armadilha na qual a indústria caiu. O aquecimento do mercado de trabalho obrigou a indústria a competir com o setor de serviços - que tem mais facilidade para reajustar preços e consequentemente elevar os salários - por remunerações maiores.
"A indústria está pagando salários mais altos para segurar o funcionário, mas ela não está conseguindo vender. O setor também está com estoque elevado e competindo com importados", diz o gerente da CNI.
O fraco desempenho da produtividade nos últimos anos tem duas grandes causas, segundo Fonseca: educação ruim e precariedade da infraestrutura brasileira. "Todo os esforços do industrial para ser produtivo é perdido fora da fábrica. Também pesam a burocracia e a alta carga tributária", diz Fonseca. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo