O câmbio, a carga tributária e a energia elétrica fazem com que o setor do aço e os nossos segmentos de consumo tenham uma grande dificuldade de competir com o produto importado (Ricardo Correa / VOCÊ S/A)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2015 às 16h16.
Rio de Janeiro - A produção brasileira de aço bruto atingiu, em março, 2,8 milhões de toneladas, com queda de 7,4% em relação a igual mês do ano passado, de acordo com dados divulgados hoje (17) pelo Instituto Aço Brasil (IABr). Já a produção de laminados somou 2,3 milhões de toneladas, com aumento de 0,1% sobre março de 2014.
No acumulado do primeiro trimestre, foram produzidos 8,4 milhões de toneladas de aço bruto e 6,6 milhões de toneladas de laminados. O crescimento observado foi, respectivamente, de 0,7% e 4,4%, em relação aos primeiros três meses de 2014.
As vendas no mercado doméstico atingiram 1,9 milhão de toneladas, em março deste ano, com alta de 1,3% sobre o mesmo mês do ano passado. No acumulado de janeiro a março, as vendas somaram 5,2 milhões de toneladas, revelando retração de 5,3%.
Mesmo enfrentando condições externas desfavoráveis, as exportações nacionais de produtos siderúrgicos somaram um milhão de toneladas em março, no valor de US$ 673 milhões, com destaque para as vendas de semiacabados.
No trimestre, as exportações acumuladas totalizaram 2,8 milhões de toneladas, no valor de US$ 1,8 bilhão – crescimentos de 39,5% em volume e de 21,6% em valor, na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.
As importações de produtos siderúrgicos também cresceram 13,5% no período, com a internalização de 995 mil toneladas, sendo 990 mil toneladas de laminados laminados. Em março, as importações totalizaram volume de 299 mil toneladas, equivalentes a US$ 306 milhões.
O Brasil consumiu 2,2 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, em março, com expansão de 0,5% sobre igual mês de 2014. Mas, no trimestre, o consumo de 6,1 milhões de toneladas foi 2,7% menor do que em igual período do ano passado.
O presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, avaliou, em entrevista à Agência Brasil, que apesar da pequena melhoria observada no trimestre, “não há nada no curtíssimo prazo que sinalize melhoria acentuada desse cenário”.
Os setores consumidores de aço brasileiro apresentaram desempenho muito ruim nos primeiros meses do ano, indicou.
“Temos um cenário interno que, dadas as condições econômicas, não permite ter perspectiva de crescimento. Estamos falando de uma previsão do Produto Interno Bruto (PIB) negativa. E quando você vai para o cenário internacional, tem um excedente de capacidade da ordem de 700 milhões de toneladas no mundo, que leva a práticas predatórias e a um surto de importação muito grande para o Brasil”, externou.
Lopes lembrou que em 2000, a participação da China nas importações de produtos siderúrgicos, feitas pelo Brasil, era de 1,3%. No ano passado, essa participação subiu acima de 52%. “É uma situação difícil”, disse ele. O IABr vem alertando para a perda de participação da indústria no PIB – caiu de 25%, na década de 1980, para os atuais 12% –, e atribui isso à perda de competitividade.
“Nós temos uma série de assimetrias competitivas, que passam pelo câmbio, pela carga tributária, pela energia elétrica, que fazem com que o setor do aço e os nossos segmentos de consumo tenham uma dificuldade enorme de competir com o
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importado e também na exportação”, acrescentou Marco Polo.Ele defende que a indústria de transformação seja olhada como prioridade absoluta “para que a gente reverta esse quadro, que não é bom”.