Indústria: orodução industrial caiu 5,8%, queda mais forte desde setembro de 2009 (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2014 às 16h33.
Rio de Janeiro - A produção industrial brasileira iniciou o segundo trimestre do ano ainda mostrando contração, com recuo de 0,3 por cento em abril, afetada principalmente pelos bens de consumo duráveis e num sinal de que a atividade econômica do país terá dificuldade para se recuperar.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial caiu 5,8 por cento, queda mais forte desde setembro de 2009 (-7,3 por cento), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Os números de abril ficaram em linha com o esperado em pesquisa da Reuters, cujas medianas apontavam queda de 0,3 por cento na base mensal e de 5,8 por cento sobre um ano antes.
Em março, o setor já havia registrado queda, de 0,5 por cento na comparação mensal, segundo dados que não foram revisados.
"O resultado de abril traz novamente uma leitura de redução da produção industrial. Sob qualquer corte que seja feita essa análise, há um predominância de taxas negativas, observando categorias econômicas e observando atividades", afirmou o economista do IBGE André Macedo.
O índice de difusão da pesquisa destaca como a fraqueza no setor é generalizada, uma vez que mede a porcentagem de produtos pesquisados que tiveram aumento na produção. Esse índice ficou em 29,8 por cento, o mais baixo da séria histórica iniciada em janeiro de 2013.
Duráveis
O destaque para o desempenho de abril foi o segmento Bens de Consumo Duráveis, que recuou 1,6 por cento ante março e 12 por cento na comparação anual.
Segundo Macedo, a fraqueza nesse segmento decorre do encarecimento e da restrição do crédito, da evolução menor do mercado de trabalho e da retirada de incentivos fiscais.
Entre os ramos de atividade, o IBGE informou que 12 dos 24 pesquisados tiveram queda mensal em abril, sendo as principais influências negativas metalurgia (-2,7 por cento), produtos de minerais não-metálicos (-1,5 por cento) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-1,6 por cento).
O mau desempenho da indústria foi um dos principais pesos sobre a economia brasileira no primeiro trimestre, levando-a a desacelerar o crescimento para apenas 0,2 por cento sobre os três meses anteriores.
O setor vem convivendo com níveis bastante baixos de confiança e as perspectivas não indicam melhora.
Somente em maio o Índice de Confiança da Indústria (ICI) medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) recuou 5,1 por cento, enquanto o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) apontou que a contração da atividade se aprofundou.
"O significativo declínio na confiança, a queda do PMI abaixo da marca de 50 e os mais recentes acontecimentos na Argentina ampliam os riscos a um cenário já sem brilho para a produção industrial em 2014", avaliou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, referindo-se à contração da atividade e restrições de importações na Argentina.
A pesquisa Focus do Banco Central mostra que a expectativa de economistas é que a indústria tenha expansão de 1,24 por cento em 2014, contra 1,5 por cento para a economia como um todo.
Texto atualizado com mais informações às 16h31min do mesmo dia.