O setor ainda espera que a produção aumente até 3% no ano (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2012 às 14h54.
São Paulo - A produção brasileira de veículos teve forte retração em janeiro, apesar de ter apresentado recorde de vendas para o mês, afetada por tombo no volume produzido de ônibus e caminhões, férias coletivas e importações, informou nesta segunda-feira a associação de montadoras, Anfavea.
Apesar da queda de dois dígitos na produção tanto na comparação mensal quanto na anual, o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, afirmou que os volumes de produção devem apresentar retomada nos próximos meses e manteve a perspectiva de aumento de entre 2 e 3 por cento em 2012, para 3,475 milhões de unidades.
Segundo ele, além do fator da sazonalidade, a produção no mês passado, que caiu 19,2 por cento sobre dezembro e 11,4 por cento sobre janeiro de 2011, foi impactada por um volume maior de estoques e férias coletivas. Belini afirmou que os estoques de janeiro somaram 319,9 mil veículos, o que corresponde a um aumento de 18,5 por cento na comparação anual.
Parte desse total, equivale ao volume de caminhões e ônibus adaptados ao regime de emissão de poluentes "Euro 3", que podiam ser fabricados até o final do ano passado, antes da mudança a partir deste ano para o padrão mais rígido "Euro 5", que encareceu os veículos.
A passagem de uma regra para a outra fez as montadoras acelerarem a fabricação de modelos com a motorização Euro 3 no final de 2011, o que acabou formando estoques. Com isso, a produção de caminhões despencou 75,8 por cento no mês passado sobre janeiro de 2011 e a de ônibus tombou 62,9 por cento, na mesma comparação.
A indústria também seguiu afetada pelo volume de importações. Apesar da participação de veículos fabricados no exterior ter recuado com o aumento em dezembro do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) -- 27 por cento no fim de 2011 para 25,3 no mês passado -- as vendas desses veículos cresceram cerca de 18 por cento em janeiro na comparação anual.
México
Belini reafirmou no anúncio dos números de janeiro a posição da Anfavea, de que há oportunidade para ampliar o acordo automotivo com o México, num momento em que autoridades brasileiras e mexicanas negociam mudanças no pacto de livre comércio acertado no início dos anos 2000.
Notícias sobre uma eventual ruptura do acordo pelo Brasil surgiram na semana passada e nesta semana uma missão mexicana deverá vir ao país para revisar os termos do comércio bilateral de veículos, atualmente restrito a automóveis.
"O rompimento seria o pior cenário possível. Entendo que seria uma oportunidade para ampliar para outros produtos, onde o Brasil é competitivo", disse Belini, evitando comentar sobre expectativa de inclusão de caminhões e ônibus no acordo revisado.
Segundo dados da Anfavea, a balança comercial brasileira com o México se inverteu de um superávit de 240 milhões de dólares em 2010 para um déficit de 700 milhões em 2011.
"Acredito que o momento é de sazonalidade (...) O México faz parte de estratégia global de produção. O Brasil não tem economia de escala suficiente para fazer veículos maiores", disse Belini referindo-se ao modelo de produção mais voltado a carros compactos no país.
"Não acredito que passará pelo rompimento, não seria bom para o país (Brasil)", acrescentou.
Vendas
Em janeiro, a indústria apurou vendas no mercado interno de 268,3 mil automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões, volume recorde para o mês, mas queda de 23 por cento sobre dezembro. Na comparação com janeiro de 2011, recorde anterior para o mês, as vendas subiram 9,6 por cento.
As vendas de carros e comerciais leves foram lideradas pela General Motors, que emplacou 52,850 mil unidades, 28,45 por cento mais que em janeiro de 2011. Em seguida ficou a Fiat, com vendas de 51,901 mil, aumento de 11,1 por cento na mesma comparação.
A Volkswagen apurou licenciamentos de 51,416 mil automóveis e comerciais leves em janeiro, queda de 6,2 por cento ante o mesmo mês de 2011. A Ford emplacou 22,203 mil unidades, 3,3 por cento a menos na mesma relação. A montadora foi seguida pela Renault com vendas 16,611 mil veículos, alta de 23,9 por cento sobre janeiro do ano passado.