Veículos: em volume, o Brasil exportou ano passado 334.501 veículos, 40,9% a menos que em 2013 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 8 de janeiro de 2015 às 16h06.
São Paulo - A produção brasileira de veículos diminuiu 15,3% em 2014 em comparação com 2013 e começou este ano com uma série de demissões em algumas fábricas do país, informou nesta quinta-feira a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A entidade apresentou hoje o balanço do setor no terceiro dia da greve na filial da alemã Volkswagen pelo anúncio na terça-feira da demissão de 800 trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo.
Foram produzidos ano passado no Brasil 3.146.118 milhões de unidades de automóveis, veículos utilitários, caminhões e ônibus.
Em dezembro, o país produziu 203.760 veículos, uma queda de 23,1% em relação a novembro e de 11,8% em comparação com o último mês do ano passado.
As vendas no mercado interno em 2014 foram de 3,5 milhões de unidades, redução de 7,1% frente a 2013, maior que a contração de 5,4% esperada pelo mercado.
Em 2013, a indústria automotiva cresceu 9,9% em comparação ao ano anterior.
Nas exportações, as empresas do setor automotivo faturaram em 2014 cerca de US$ 8,7 bilhões, 33,1% a menos que um ano antes.
Em volume, o Brasil exportou ano passado 334.501 veículos, 40,9% a menos que em 2013, um resultado que, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Moan, se deveu a "dificuldades macroeconômicas" na Argentina, o principal parceiro do país na região.
As projeções para 2015 são de estabilidade do mercado, com um cálculo de 3,2 milhões de veículos produzidos - levemente a mais que em 2014 - e de 3,4 milhões de unidades vendidas, que inclui parte da produção remanescente do ano passado.
Em 2014, de acordo com a Anfavea, a indústria automotiva demitiu 12.400 funcionários e encerrou o ano com 144.600 postos de trabalho.
Diante da greve na Volkswagen e na Mercedes Benz também em São Bernardo do Campo, depois da demissão de mais de 200 trabalhadores, Moan acredita que "há tempo adequado" para que a companhia e o sindicato "possam negociar".
O caso da Volkswagen, ressaltou Moan, "é uma situação isolada" que não reflete o cenário do setor, apesar de que, para ele, essa atividade industrial no Brasil administra um excesso de mão de obra.
Moan assinalou também que o começo de 2015 terá um primeiro semestre "difícil", mas descartou que o setor vá pedir incentivos ao governo.
Um porta-voz do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na região metropolitana de São Paulo, assinalou à Agência Efe que a "empresa não entrou em contato e não houve posicionamento oficial" sobre a greve.
Os trabalhadores "continuarão em greve indefinida" e o objetivo da paralisação é o mesmo: "reverter todas as demissões".
O sindicato apontou que a Volkswagen tinha assinado um período de estabilidade até 2016 e "está rompendo esse acordo, o que deixou aberta a possibilidade de haver ainda mais despedidos".