Barris de petróleo: a Cnooc, a terceira maior empresa chinesa do setor, afirmou no mês passado esperar que sua produção recue 5% este ano, após anos de rápido crescimento (thinkstock)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2016 às 12h27.
Pequim - Apesar de figurar entre os cinco maiores produtores de petróleo do mundo, a China pode ver sua produção diminuir este ano, disseram especialistas do setor.
De acordo com eles, os campos de produção chineses estão se exaurindo, tornando a extração cada vez mais cara num momento em que o preço do barril está no menor patamar em muitos anos. Para alguns, inclusive, a produção do país pode ter atingido seu pico.
Recentemente, a China Petroleum & Chemical Corp (Sinopec) afirmou que sua produção recuou quase 5% no ano passado.
Já a principal rival dentro do país, a estatal PetroChina, produziu 1,5% menos nos primeiros três trimestres de 2015. Juntas, as duas respondem por 75% da extração chinesa.
A Cnooc, a terceira maior empresa chinesa do setor, afirmou no mês passado esperar que sua produção recue 5% este ano, após anos de rápido crescimento.
Ainda que a produção da China comece a cair, sua demanda por petróleo deve continuar firme. Isto pode ser uma boa notícia para os preços.
"A questão na China é que eles sabem que existe muito potencial em seu subsolo, porém é mais barato importar", disse Peter Lee, analista de energia da BMI Research.
Enquanto os cortes na produção em muitos países têm sido mínimos mesmo com a queda dos preços, especialistas acreditam que a produção chinesa pode recuar entre 100 mil e 200 mil barris por dia este ano.
Em 2015, o país produziu um recorde de 4,6 milhões de barris por dia, de acordo com dados do governo local.
"O declínio da produção chinesa pode ajudar a diminuir a situação de excesso de oferta no mundo", disse Nelson Wang, analista de petróleo da corretora CLSA.
Parte do mercado crê também que a produção local não deve reagir tão cedo, dado o baixo nível dos investimentos em projetos de extração.
A Cnooc disse que seus investimentos devem recuar cerca de 40% este ano, após baterem recorde em 2014.
Atualmente, o custo marginal de produção em alguns dos campos mais caros do país gira em torno de US$ 40 por barril, muito acima do atual patamar em que os preços se encontram no mercado internacional, que é por volta de US$ 30.
Isto significa que muitas empresas chinesas terão prejuízo caso continuem produzindo.
Ainda assim, mesmo com a queda na produção chinesa, a oferta global deve superar a demanda em cerca de 1,5 milhões de barris por dia na primeira metade de 2016, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).