Brasileiro cortando cana de açúcar: “O setor ainda sofre efeitos da crise econômica internacional que se iniciou em 2008", segundo o IBGE (Nelson Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2012 às 13h03.
Rio de Janeiro – A produção brasileira de cana-de-açúcar registrou, em 2011, a menor expansão dos últimos seis anos, tendo crescido apenas 2,3% em relação a 2010. Os dados fazem parte da pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A produção total de cana-de-açúcar do país ficou em 427.364.854 toneladas, resultado apenas 0,2% maior do que o verificado na safra de 2010.
No estado de São Paulo, a área colhida apresentou um crescimento de 4,4% (219.207 hectares). O rendimento médio, no entanto, caiu 4%, diminuindo de 85.543 quilos por hectare (kg/ha) para 82.093 kg/ha, de 2010 para 2011. O estado continua sendo o maior produtor nacional de cana-de-açúcar, respondendo por 58,2% da produção do país.
Na avaliação do IBGE, a desaceleração do crescimento da cultura do produto deve-se à falta de chuvas regulares nas principais regiões produtoras do Brasil – situação registrada a partir do segundo semestre de 2010, estendendo-se, posteriormente, de abril a setembro de 2011. “Os canaviais enfrentaram outros problemas climáticos em 2011, como as geadas que atingiram os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e do Paraná, além do excesso de florescimento que reduziu o rendimento industrial”, constata o instituto na pesquisa.
Ainda segundo o IBGE, a falta de renovação dos canaviais no momento adequado e a diminuição da quantidade de insumos aplicados, devido à descapitalização dos produtores, agravou a queda de produtividade dos canaviais, que fechou 2011 em menos 3,3%. “O setor ainda sofre efeitos da crise econômica internacional que se iniciou em 2008, restringindo os investimentos e a oferta de crédito, consequentemente, retraindo o processo de implantação de novas usinas e diminuindo a expansão dos canaviais.”
Para o IBGE, a queda no ritmo de crescimento da produção e uma maior destinação de cana para a produção de açúcar e também para a produção de álcool anidro (produto que é misturado à gasolina) levaram a uma redução na oferta de álcool hidratado – que é comercializado diretamente nas bombas dos postos de combustíveis.
“A associação desses fatores elevou os preços e afastou os consumidores, que passaram a optar pela gasolina devido ao melhor custo/benefício.” A conjunção desses fatores, avalia o IBGE, fez com que, em outubro de 2011, o governo federal aprovasse a redução da proporção de álcool anidro adicionado à gasolina, que passou de 25% para 20%.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio indicam que, para atender à demanda, o país teve que importar 1,1 bilhão de litros de etanol dos Estados Unidos em 2011, o que representou 96,7% do total importado – volume recorde e muito superior aos 74 milhões de litros importados em 2010.
Entre os 20 maiores municípios produtores de cana-de-açúcar, que, juntos, representam 11,6% da produção nacional, 15 estão localizados em São Paulo, com destaque para Morro Agudo, maior produtor individual nacional, responsável por 1,9% da produção paulista.
Em contraponto ao crescimento nacional como um todo, o estado de Minas Gerais, segundo maior produtor, continuou com o seu processo de expansão dos canaviais observado nos últimos anos, com crescimento de 11,4% na área plantada e de 11,8% na produção. Essas novas áreas que entraram no processo produtivo apresentaram boas produtividades, chegando à média de 81.475 kg/ha, a terceira maior do Brasil, ficando atrás apenas dos estados do Tocantins, com 84.816 kg/ha, e de São Paulo, com 82.093 kg/ha.
Dois municípios mineiros estão entre os 20 principais produtores brasileiros: Uberaba, em oitavo lugar, e Conceição das Alagoas, em nono.