Brasileiro cortando cana de açúcar no interior de SP: maior parte da matéria-prima deve ser direcionada para a produção do etanol na nova temporada (Nelson Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2013 às 17h10.
São Paulo - A produção de açúcar do centro-sul do Brasil na nova temporada (2013/14) cairá 2,7 por cento, enquanto a produção de etanol terá um salto de quase 20 por cento, com um crescimento da colheita de cana e as usinas direcionando um volume maior da matéria-prima para a produção do biocombustível, previu a consultoria Safras & Mercado nesta segunda-feira.
A primeira previsão de safra 13/14 realizada pela consultoria aponta um cenário favorável para as vendas externas do biocombustível, especialmente para os Estados Unidos.
"O mercado internacional está demandando muito etanol, e as usinas estão maciçamente focadas para a exportação, uma vez que o mercado interno gera prejuízo, tanto na venda de açúcar como pela venda de etanol", disse o analista de Safras, Maurício Lima Muruci, em relatório.
Segundo a sondagem, a produção total de etanol na principal região produtora de cana do Brasil deverá crescer expressivamente, passando de 19,80 bilhões de litros em 12/13 para 23,5 bilhões de litros em 13/14 (+18,7 por cento).
Já a produção de açúcar vai diminuir para 35 milhões de toneladas, contra as 36 milhões de toneladas indicadas para 2012/13.
Segundo a Safras, a colheita de cana do centro-sul --que responderá por mais de 90 por cento da produção do Brasil-- atingirá 600 milhões de toneladas em 13/14, um crescimento de 15,4 por cento sobre os números da temporada anterior.
A moagem da safra 13/14 do centro-sul começa oficialmente em abril.
Enquanto isso, a projeção para a produção geral de cana do país é de 630 milhões de toneladas, ante 613 milhões esperada para 2012/13.
Segundo o analista de Safras, a expectativa de incremento na safra de cana do centro-sul é ainda um reflexo do alto índice de renovação dos canaviais na região, após um período de fracos investimentos.
"Embora os programas do BNDES, como o Prorenova, tenham tido uma demanda relativamente baixa, pelo alto nível de exigência do banco, as usinas investiram muito com capital próprio ou com emissão de títulos para a renovação do canavial, possibilitando, assim, uma expansão continuada da produção", disse o analista.
RENTABILIDADE
Para o analista, a retração esperada na produção de açúcar é justificada pelo fato da rentabilidade desse segmento ter sido extremamente baixa em 2012 e pela tendência de piora para 2013.
"Simultaneamente a essa redução na receita do açúcar, o etanol apresentou um comportamento inverso, sendo beneficiado no último trimestre de 2012 pelas as exportações para os Estados Unidos." O volume exportado de etanol cresceu fortemente em dezembro.
Segundo ele, nem mesmo a expectativa de aumento no preço da gasolina, que proporcionaria um vetor de neutralização na queda histórica de competitividade do etanol, "não é mais tão latente pelo lado das usinas, pois agora o mercado já encontrou outro viés de ganho, através das exportações".
"Na prática, esse clamor pelo aumento da gasolina, que existe há pelo menos dois anos, quando der resultado, já será muito tarde, pois as usinas já estão exportando", comentou.