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"Problemas não serão fáceis, mas vamos enfrentá-los", promete Obama

Em seu discurso de posse, presidente americano afirma que mercado precisa de supervisão

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2009 às 15h32.

Em um discurso de 20 minutos, o novo presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama, voltou a alertar a população sobre as dificuldades por que passa o país, mas mostrou otimismo na capacidade de os americanos superá-las. "Os problemas não serão enfrentados em pouco tempo ou facilmente, mas, saiba disso, América, serão enfrentados", afirmou Obama.

Segundo o 44º presidente americano, o país está enfraquecido pela "ganância e irresponsabilidade de alguns". Obama indicou também sua intenção de voltar a fortalecer a estrutura de controle sobre a economia, após anos de liberalismo das regras. Ao se dirigir aos 2 milhões de pessoas que acompanharam sua posse em frente ao Capitólio, Obama afirmou que "o poder do mercado é inigualável", mas destacou a necessidade de "um olho que supervisione o sistema", sem o qual, o sistema pode gerar distorções.

Obama também observou a necessidade de tomar medidas duras contra a crise. "Nosso momento de adiar decisões desagradáveis passou", disse. Para ele, os problemas devem ser enfrentados com uma "ação imediata e corajosa". Obama voltou a apontar algumas ações que implantará para combater a crise, como investimentos em infra-estrutura, construção de pontes e redes elétricas, revalorização da ciência e da tecnologia.

Ele voltou a insistir nos combustíveis alternativos como um meio de resgatar o crescimento americano. "Vamos usar o sol como combustível para as casas e carros". A decisão também busca enfraquecer os países totalitários que se fortaleceram no passado recente com a disparada do dólar. Em seu pronunciamento, Obama afirmou que "o nosso uso da energia fortalece nossos inimigos".

O primeiro presidente negro do país também referiu-se à necessidade de repensar o papel do Estado. "Não é uma questão de perguntar se o governo é grande ou pequeno, mas se ajuda as pessoas", afirmou. Obama disse, ainda, que os gestores de recursos públicos terão de ser parcimoniosos. "Os programas que não ajudarem as pessoas serão revistos".

Nação amiga

Obama não poupou críticas ao governo Bush, embora não tenha atacado diretamente o ex-presidente em seu discurso. Desde o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, o governo Bush adotou uma postura unilateral para combater o terrorismo, invadiu o Afeganistão e, depois, o Iraque, mesmo enfrentando forte oposição de muitas nações, e adotou uma série de medidas que despertaram a antipatia de diversos países.

"Rejeitamos, como falsa, a idéia de que temos de escolher entre nossa segurança e nossos ideais", disse. "Saibam que a América é amiga de qualquer nação que busque um futuro de paz e de dignidade", afirmou, em um dos momentos mais aplaudidos pelos presentes. "Nossos ancestrais não enfrentaram o fascismo e o comunismo apenas com tanques, mas também com poderosas alianças", completou

Num país em que a questão racial ainda desperta acalorados debates, Obama surpreendeu ao tocar no tema em seu discurso de posse. Durante a campanha, o então senador democrata procurou apresentar-se como um candidato supra-racial. Em frente ao Capitólio, porém, Obama fez duas referências ao racismo. A primeira, ao citar que os ancestrais que construíram o país atravessaram o oceano "com seus pequenos pertences" e trabalharam até "as mãos sangrarem, muitas vezes suportando chicotadas [numa referência à escravidão negra]" para construir a nação.

A segunda referência, no final do discurso, ocorreu quando Obama lembrou seus antepassados diretos. Filho de um queniano com uma americana do Kansas, o novo presidente afirmou que "um homem cujo pai não poderia comer em um restaurante há 40 anos, hoje está aqui prestando esse juramento".

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