Economia

Privatização da Eletrobras será prioridade do BNDES, diz Montezano

Das desestatizações já aprovadas, Gustavo Montezano citou a venda dos Correios como a mais relevante sendo tocada pelo banco

Gustavo Montezano: "A Eletrobras é uma futura prioridade nossa, mas ainda não está aprovada no Congresso" (Valter Campanato/Agência Brasil)

Gustavo Montezano: "A Eletrobras é uma futura prioridade nossa, mas ainda não está aprovada no Congresso" (Valter Campanato/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 08h14.

Última atualização em 6 de dezembro de 2019 às 08h15.

Rio de Janeiro — A privatização da Eletrobras será prioridade do BNDES assim que for aprovada no Congresso, afirmou nesta quinta-feira o presidente do banco. Das desestatizações já aprovadas, Gustavo Montezano citou a venda dos Correios como a mais relevante sendo tocada pelo banco. Por lei, todas as privatizações do Programa Nacional de Desestatização (PND) precisam passar pelo banco de fomento.

"Só tratamos como prioridade uma vez que a privatização está aprovada. A Eletrobras é uma futura prioridade nossa, mas ainda não está aprovada no Congresso. Das operações que já estão incluídas no Programa Nacional de Desestatização, temos como destaque os Correios, que é uma operação enorme, CBTU, Trensurb (ambas do setor ferroviário), as duas Ceagesp, de Minas e São Paulo. Essas cinco são as mais relevantes hoje", afirmou, em jantar promovido pela Platinum Investimentos.

Na esfera dos estados, o BNDES está participando dos processos de venda da Companhia Energética de Brasília (CEB), da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) e daCEEE no Rio Grande do Sul, citou Montezano.— No setor de gás, estamos pegando os mandatos estaduais neste momento, mas é preciso antes um rearranjo regulatório — acrescentou.

Transformar o BNDES no que chama de "banco de serviço do Estado" é uma das metas de Montezano. Segundo ele, a instituição instituiu recentemente uma área comercial voltada exclusivamente para o atendimento de entes governamentais, "que fazem de fato o papel do banqueiro" junto a esse tipo de cliente, explicou.

Montezano afirmou que um time de 50 pessoas será capaz de atender as demandas dos ministérios, de todos os estados e de alguns municípios:

"Acho que devemos conseguir cobrir umas cem cidades de todo o Brasil com essa estrutura", disse. "Em paralelo a isso, temos uma área de 150 pessoas voltados para privatizações e concessões. Eram 60 pessoas quando eu cheguei, há alguns meses. Já temos hoje um dos maiores bancos de investimento do Brasil, mas somos focados na parte governamental."

Em apresentação a investidores reunidos no jantar, Montezano fez uma espécie de balanço de sua gestão e comentou a situação econômica. Ele admitiu que "a situação hoje não é fácil na economia real" e que "o PIB de 1% ainda é modesto", mas disse considerar que "o PIB virou, está em um ciclo de alta com muito mais conteúdo e resiliência."

Montezano ainda classificou de "experimento social" o atual patamar de juros, que estão no menor nível da História.

"O PIB vai ser menos uma "pancada", mas algo mais previsível daqui para frente. O PIB de 1% ainda é modesto. Mas ele reflete um 2% de crescimento no (setor) privado e uma recessão de 1% do (setor) público, o que é bom" afirmou Montezano, que tentou convencer os investidores no discurso a investir em iniciativas com impacto social e ambiental.

Montezano afirmou ainda que "a ativo florestal vai ganhar valor" e que, no Brasil, "estamos sentados no petróleo verde".

"O Estado não vai resolver os problemas. É caro, é ineficiente. Se o setor privado não chegar junto, não vai haver solução. Pensem no social e no ambiental, que essa obrigação é nossa", disse.

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