Considerando apenas as 80 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 permaneceu em 11,75% (MirageC/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 21 de agosto de 2023 às 09h13.
Última atualização em 21 de agosto de 2023 às 09h44.
A expectativa para a taxa Selic no fim de 2023 continuou a se orientar pela sinalização dada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) de que pretende repetir o passo de corte de juro em 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões do colegiado, mostra o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 21.
A mediana para a Selic no encerramento deste ano continuou em 11,75%. Para o término de 2024, houve manutenção em 9,00%. Há um mês, as estimativas eram de 12,00% e 9,50%, nessa ordem.
Considerando apenas as 80 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 permaneceu em 11,75%. Para o fim de 2024, continuou em 9,00%, também com 80 atualizações na última semana.
No início do mês, o Copom optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,50pp dos juros básicos o que surpreendeu parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais "parcimoniosa", de 0,25pp.
Na ata, o Banco Central reforçou que pretende seguir nesse ritmo nas próximas reuniões e acrescentou que é pouco provável uma aceleração do passo. Da mesma forma, na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a barra é alta tanto para acelerar quanto para baixar o ritmo de afrouxamento monetário.
Além disso, a ata afirmou que o comitê concluiu que há necessidade de manter a política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante "para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas".
O Boletim Focus ainda mostrou que a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 8,50%, de 9,00% quatro semanas atrás. Já a projeção para a Selic no fim de 2026 permaneceu em 8,50%, contra 8,63% de um mês antes.
Após o aumento dos combustíveis pela Petrobras na semana passada a estimativa para a inflação oficial, medida pelo IPCA, em 2023 já fora do horizonte relevante da política monetária, voltou a subir, de 4,84% para 4,90% - mesma mediana de um mês atrás.
Para 2024, que tem maior peso nas decisões do Copom atualmente, houve manutenção da expectativa em 3,86%. Há um mês, a mediana era de 3,90%.
Considerando somente as 109 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,79% para 4 90%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta cedeu de 3,87% para 3,82%, considerando também 109 atualizações no período.
O Boletim Focus ainda mostrou manutenção da expectativa para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Copom. A projeção permaneceu em 3,50%, repetindo a mediana de quatro semanas antes. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa também continuou em 3,50%, mesma mediana de um mês antes.
As estimativas do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a mediana agora voltou a se distanciar do teto da meta (4 75%) e indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC divulgou projeção de 3,4% para o IPCA de 2024, a mesma da reunião anterior. Para 2025, ficou em 3,0% no modelo, que considerava um primeiro corte de 0,25pp, de 3,1% em junho. Para 2023, a projeção é de 4,9%.
Os economistas alteraram as expectativas para os resultados mensais do IPCA no Boletim Focus. A mediana para o índice de agosto, por enquanto, mostrou um leve alívio, de 0,26% para 0 25%. Há um mês, a expectativa era de 0,31%.
Já para o IPCA de setembro, a estimativa subiu 0,09 ponto porcentual de uma semana para outra, de 0,28% para 0,37%, contra a mediana de 0,28% um mês antes. Para outubro, por sua vez, a previsão para o indicador continuou em 0,39%, de 0,40% há quatro semanas.
Os economistas do mercado financeiro elevaram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, de 4,13% para 4,17%, de 4,18% há um mês.
No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário. Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, não deram previsão de quando o ato do Executivo será publicado.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, defende a continuidade da realização da justificativa sobre o descumprimento da meta uma vez ao ano, mas no caso de o IPCA estourar o teto em qualquer momento durante os 12 meses aferidos.
O cenário esperado para o câmbio brasileiro este ano voltou a se deteriorar marginalmente no Relatório de Mercado Focus após um período de expectativas mais favoráveis. A estimativa para o câmbio este ano passou de R$ 4,93 para R$ 4,95, de R$ 4,97 um mês antes. Para 2024, a mediana continuou em R$ 5,00, contra R$ 5,05 quatro semanas antes. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 se manteve em 2,29%, contra 2,24% há um mês. Considerando, por sua vez, apenas as 66 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 subiu de 2,30% para 2,37%.
Já para 2024, o Relatório Focus mostrou avanço da estimativa de crescimento do PIB, de 1,30% para 1,33%, contra 1,30% há quatro semanas. Considerando apenas as 65 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 passou de 1,24% para 1,34%.
Em relação a 2025, a mediana continuou em 1,90%, repetindo o porcentual de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que permaneceu em 2,00%, mesma mediana de um mês atrás.
O Ministério da Fazenda prevê crescimento de 2,5% este ano. No Banco Central, a estimativa atual é de 2,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
O Boletim Focus também mostrou manutenção do indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023. A estimativa continuou em 60,40%, ante 60,50% de um mês atrás.
Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana seguiu em 1,00%, mesmo porcentual de um mês antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, ou menor. Já a estimativa para o déficit nominal este ano passou de 7,45% para 7,40% do PIB, de 7,45% há um mês.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Para 2024, a estimativa para a dívida líquida variou de 63,95% para 63,90%. Há quatro semanas, a expectativa era de 63,95% do PIB. Já o déficit primário esperado para 2024 baixou de 0,80% para 0,75%, ainda longe da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB). O déficit nominal projetado na Focus também cedeu, de 6,90% para 6,75% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 7,00%, nessa ordem.
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana.
A projeção deficitária ficou em US$ 43,00 bilhões ante US$ 42,00 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit foi alterada de US$ 50,20 bilhões para US$ 50,00 bilhões mesma mediana de quatro semanas antes.
Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 70,00 bilhões para US$ 71,70 bilhões, contra US$ 67,56 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária continuou em US$ 60,00 bilhões, mesma mediana de quatro semanas antes.
Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.
A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80 bilhões, repetindo a estimativa de um mês antes. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 29ª vez.