IPCA-15: pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,21 por cento para o período (Mario Tama/Getty Images)
Reuters
Publicado em 23 de maio de 2017 às 09h06.
Última atualização em 23 de maio de 2017 às 09h49.
São Paulo - A inflação continuou perdendo força em maio, com o IPCA-15 indo abaixo de 4 por cento no acumulado em 12 meses pela primeira vez em quase uma década, mantendo as portas abertas para o afrouxamento monetário promovido pelo Banco Central mesmo diante da turbulência política.
A prévia da inflação oficial do país subiu 0,24 por cento em maio, depois de avançar 0,21 por cento no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Em 12 meses, o IPCA-15 avançou 3,77 por cento, ante 4,41 por cento até abril, menor nível nessa base de comparação desde julho de 2007 (+3,71 por cento) e abaixo do centro da meta oficial de 4,5 por cento pelo IPCA, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
Pesquisa da Reuters mostrou que especialistas esperavam alta mensal de 0,21 por cento em maio e de 3,74 por cento em 12 meses.
Segundo o IBGE, os preços do grupo Transportes recuou 0,40 por cento em maio, com os combustíveis ficando 1,12 por cento mais barato, maior impacto negativo sobre o índice do mês.
Por outro lado, a maior alta coube ao grupo Saúde e Cuidados Pessoais, de 0,84 por cento na comparação mensal, ainda que tenha desacelerado sobre o avanço de 0,91 por cento no mês anterior. Os preços de remédios de subiram 2,08 por cento.
Já o os preços do grupo Alimentação, com importante peso sobre os bolsos das famílias, aceleraram a alta a 0,42 por cento em maio, sobre 0,31 por cento em abril, pressionados por produtos como batata-inglesa (+16,08 por cento), tomate (+12,09 por cento) e cebola (+9,15 por cento).
A inflação de serviços, que tem destaque na condução da política monetária do BC, desacelerou em maio a 0,23 por cento, sobre 0,44 por cento no mês anterior, favorecida pela queda nos preços das passagens aéreas, chegando em 12 meses a 5,85 por cento, nas contas da consultoria Tendências.
Com a inflação menor, o BC consegue continuar com seu processo de corte da Selic no final deste mês, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente, mesmo com todas as turbulências políticas que atingiram em cheio o presidente Michel Temer.
Atualmente, a taxa básica de juros está em 11,25 por cento, após dois cortes de 0,25 ponto percentual, dois de 0,75 ponto e outro de 1 ponto percentual. O mercado chegou a apostar na redução de 1,25 ponto agora, porém as denúncias contra Temer levaram o mercado a precificar apostas de redução de 0,75 ponto.
"As incertezas políticas mitigam as apostas de que o BC poderia intensificar o ritmo de cortes, e reforçam o quadro de que o BC deve manter-se cauteloso em relação ao corte de juros", afirmou o analista de inflação da Tendências, Marcio Milan, mantendo a expectativa de corte de 1 ponto neste mês.