IPCA-15: indicador desacelerou em dezembro em relação à alta de 0,26 por cento no mês anterior (Divulgação/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 21 de dezembro de 2016 às 09h20.
Última atualização em 21 de dezembro de 2016 às 09h57.
São Paulo - A prévia da inflação oficial brasileira subiu menos do que o esperado em dezembro e fechou o ano muito próxima da meta do governo, o que abre ainda mais espaço para o Banco Central acelerar o ritmo de corte de juros.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) fechou 2016 com alta acumulada de 6,58 por cento, nível mais baixo desde 2014 (6,46 por cento) e após fechar 2015 com alta de 10,71 por cento, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos 12 meses até novembro, o índice havia acumulado alta de 7,64 por cento e a expectativa em pesquisa da Reuters era de que terminasse este ano a 6,71 por cento.
Em dezembro, o IPCA-15 desacelerou a alta a 0,19 por cento, contra 0,26 por cento no mês anterior e bem abaixo da estimativa de avanço de 0,30 por cento. Trata-se do nível mais baixo para dezembro desde 1998 (0,13 por cento).
A meta do governo para a inflação este ano é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais. O resultado do IPCA-15 aumenta a probabilidade de cumprimento do objetivo e, assim, ajudar o BC a aumentar o ritmo de corte dos juros básicos, hoje em 13,75 por cento ao ano.
De modo geral, os agentes econômicos acreditam que o BC cortará a Selic em 0,5 ponto percentual em janeiro, acima dos cortes de 0,25 ponto cada feitos nos dois encontros anteriores do Comitê de Política Monetária (Copom).
"O resultado é favorável para o BC acelerar o passo, mas ainda acho que em janeiro o corte (da Selic) será de 0,50 ponto percentual porque na comunicação (do BC) não há sinalização de aumento de ritmo tão significativo", disse a economista da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro.
"Mas esse sinal pode ser dado mais para a frente, e uma redução de 0,75 por cento pode vir na segunda reunião", acrescentou, referindo-se ao econtro de fevereiro do Copom.
O BC já defendeu que a evolução favorável da inflação, a aprovação inicial de medidas fiscais e o ritmo fraco da economia justificariam o movimento de maior corte de juros.
O IBGE informou que a principal influência para o resultado mensal do IPCA-15 foi o grupo Alimentação e Bebidas, com queda de 0,18 por cento nos preços ante recuo de 0,06 por cento em novembro.
Já no ano, o grupo acumulou alta de 9,15 por cento, atrás apenas do avanço de 11,16 por cento nos preços de Saúde e Cuidados Pessoais.
O principal impacto para baixo em dezembro foi exercido pelo item energia elétrica, que recuou 1,93 por cento com a adoção da bandeira tarifária verde. Isso ajudou o grupo Habitação a apresentar queda de 0,28 por cento nos preços.
A inflação de serviços, que vem sendo acompanhada de perto pelo BC para condução da política monetária, terminou dezembro com alta de 0,60 por cento, fechando o ano com avanço acumulado de 6,61 por cento, contra 8,28 por cento em 2015, nas contas da consultoria Tendências.
No ano passado, a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA, ficou muito acima do teto do meta ao fechar 2015 a 10,67 por cento. Para este ano, entretanto, economistas já veem a inflação dentro do objetivo. A mediana das projeções na pesquisa Focus, em que o BC ouve semanalmente uma centena de economistas, aponta alta de 6,49 por cento para o IPCA este ano.
Para 2017 o centro da meta continua sendo de 4,5 por cento pelo IPCA, porém com margem de 1,5 ponto, e o Focus indica expectativas de alta da inflação de 4,90 por cento.