Inflação: a taxa é maior que as observadas em abril deste ano (0,51%) e em maio de 2015 (0,6%) (Bruno Domingos/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2016 às 10h44.
Rio de Janeiro - São Paulo - A inflação brasileira acelerou mais do que o esperado e registrou o maior nível para maio em 20 anos, voltando a ganhar força no acumulado em 12 meses, reforçando a ideia de que o Banco Central não deve reduzir os juros básicos tão cedo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do país, subiu 0,86 % em maio, ante avanço de 0,51 % em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
Sob a pressão dos preços de remédios e alimentos, esta foi a segunda vez seguida que o indicador acelerou a alta na base mensal e a leitura é a mais elevada para maio desde 1996 (+1,32 %).
Com isso, o IPCA-15 acumulou nos últimos 12 meses avanço de 9,62 %, após 9,34 % no mês anterior, bem acima do teto da meta do governo --de 4,5 % pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters junto a economistas, de alta de 0,75 % na base mensal e de 9,50 % na comparação anual, na mediana das projeções.
As maiores influência para o resultado mensal do IPCA-15 vieram de alimentos e remédios, que juntos contribuíram com 0,48 ponto percentual para índice e responderam por 56 % da taxa do mês.
Os preços dos remédios subiram 6,50 % em maio como reflexo do reajuste de 12,50 % que está em vigor desde o início de abril. Com isso o grupo Saúde e Cuidados Pessoais registrou a variação mais alta, de 2,54 %, no período.
Alimentação e Bebidas, com importante peso sobre a renda das famílias, avançou 1,03 %. Embora represente alívio sobre a alta de 1,35 % em abril, o grupo teve o segundo maior impacto sobre o IPCA-15 do mês.
Com a recessão econômica que assola o país, a expectativa é de que a inflação desacelere, porém ainda termine este ano acima do teto da meta do governo, como mostra a pesquisa Focus do Banco Central, que aponta alta do IPCA de 7,00 %.
Esse é o cenário que o novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, terá que encarar. Indicado nesta semana pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para assumir o posto, ele terá de passar ainda por sabatina e aprovação pelo Senado.
O mercado vê espaço para redução da taxa básica de juros, atualmente em 14,25 %. Ilan, que era economista-chefe do Itaú, vinha destacando que a recessão e o enfraquecimento do dólar estavam entre os fatores que deveriam contribuir para a redução das expectativas de inflação, abrindo espaço para o início do ciclo de corte de juros a partir de julho.
Matéria atualizada às 10h44