Soja: estiagem de outubro já foi precificada pelos produtores e tendência é de estabilização (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2014 às 15h16.
Rio - O choque agrícola provocado pelo tempo seco em outubro continua repercutindo sobre os preços no atacado, mas o efeito se aproxima do fim, afirmou nesta sexta-feira, 5, o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
"Já há indicações de que escassez de chuvas já não é mais tão acentuada", disse ele, que espera uma suavização da inflação em dezembro.
No mês passado, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) acelerou a 1,14%, com pressões vindas de soja (5,81%), milho (13,45%) e bovinos (6,35%).
O reajuste dos combustíveis também contribuiu para impulsionar os preços no atacado, tanto do diesel quanto de gasolina.
Mas esses impactos devem diminuir ao longo deste mês.
No caso dos produtos agropecuários, a estiagem de outubro já foi precificada pelos produtores e a tendência é uma estabilização no patamar atual.
"Não vai cair (o preço) porque ficou a dúvida se a escassez de chuvas deixou sequelas em termos de produtividade do grão. Então, não existe uma conjuntura propícia para a queda de preços", frisou Quadros.
Um eventual barateamento dos grãos deve ser esperado apenas para janeiro e fevereiro, com a colheita.
Já o aumento dos bovinos deve se transmitir ainda a outros estágios da cadeia.
No frigorífico, as carnes bovinas subiram 5,49% em novembro, enquanto a carne suína avançou 5,89%. Esses aumentos podem continuar nas próximas semanas.
O impacto dos combustíveis também deve se dissipar.
Em novembro, o diesel subiu 4% e a gasolina, 2,4%, incorporando quase a totalidade dos reajustes praticados pela Petrobras desde 7 de novembro nas refinarias (5% no diesel e 3% na gasolina).
O impacto restante, portanto, resultará em altas menores do que as registradas no índice divulgado hoje.
Por outro lado, o câmbio, que atuou como mola propulsora dos preços de bens intermediários como derivados de celulose e produtos químicos, deve continuar alimentando aumentos de preços.
"Como tivemos nos últimos meses uma movimentação da taxa de câmbio, que saiu de R$ 2,30 para perto de R$ 2,60, isso vai chegando aos poucos", afirmou o superintendente.