Economia

Embargos de genéricos na UE podem prejudicar consumidor

Segundo Odnir Finotti, líder da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, o problema pode atrapalhar a fabricação dos produtos

Retenção de matéria-prima na Europa pode causar problemas na produção de genéricos  (.)

Retenção de matéria-prima na Europa pode causar problemas na produção de genéricos (.)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2010 às 19h54.

Brasília - A luta de Brasil e Índia contra a União Europeia (UE) para evitar a apreensão de medicamentos genéricos em trânsito continua. Em nota divulgada no fim da tarde desta quarta-feira (12), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) afirma que "o Brasil espera que as consultas solicitadas hoje contribuam para um desfecho mutuamente satisfatório para o tema".

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos - Pró Genérico, Odnir Finotti, o governo brasileiro está tomando as medidas certas para resolver o problema do trânsito de genéricos na UE. É aguardada uma solução rápida, já que a retenção de produtos em território europeu pode causar grandes danos ao setor.

Quando algum material fica retido no meio do caminho, o laboratório não pode formular o medicamento genérico da forma correta. E se o produtor trabalha com estoques pequenos de matéria-prima, o remédio vai deixar de ser produzido, explica Finotti. "No caso da Holanda, o consumidor não chegou a sentir o efeito imediato, porque a Índia, que é fornecedora de insumos, traçou outra rota, mas se isso continuar se repetindo, com certeza o efeito será sentido", disse ele.

Finotti alega ainda que a intervenção em Roterdã, no ano passado, se deu porque alguns países da UE ainda têm regras de patente fora do padrão. "Estamos fazendo tudo dentro da lei, a preocupação deles de acabar com os remédios falsificados é válida. Nós concordamos com a luta contra as falsificações, mas não é o caso dos genéricos com patente quebrada", explicou o presidente.

Segundo a assessoria de imprensa do MRE, a denúncia vai passar por uma série de consultas na Organização Mundial do Comércio (OMC) e não há prazo estabelecido para que a questão se resolva.

O Brasil ainda depende das importações de matérias-primas fornecidas por China e Índia para fabricação de genéricos. Segundo Odnir Finotti, somente cerca de 15% dos insumos utilizados para a formulação dos remédios é produzido internamente. "China e Índia são os gigantes nesse segmento, é uma questão de escala. O Brasil não tem escala, não vale a pena produzir tudo aqui dentro", avalia o presidente da Pró Genéricos.
 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaÁsiaComércioComércio exteriorDados de BrasilEuropaFarmáciasÍndiaSetor farmacêuticoUnião Europeia

Mais de Economia

Temos um espaço muito menor para errar, diz Funchal sobre trajetória da dívida pública

Isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil recairá sobre grandes empresas, diz Rodrigo Maia

A crescente força das gerações prateadas no Brasil

Haddad diz que consignado privado pelo eSocial terá juro "menos da metade" do que se paga hoje