Horácio Cartes, presidente do Paraguai: governo disse que decidiu vetar o Orçamento porque o limite à dívida geraria "um risco para a capacidade do Estado de cumprir com suas obrigações" (Jorge Adorno/Reuters)
Reuters
Publicado em 26 de dezembro de 2016 às 12h53.
Assunção - O presidente do Paraguai, Horácio Cartes, vetou nesta segunda-feira o Orçamento do país em 2017, em uma decisão sem precedentes tomada para evitar o risco de o país dar o calote depois de o Senado incluir um limite no montante de dívida que o governo pode emitir.
O veto significa que o Orçamento de 2016 seguirá vigente no próximo ano. O veto ainda pode derrubado pelo Congresso, mas a oposição não tem a maioria de dois terços necessária nas duas Casas do Parlamento.
Em carta enviada ao Congresso nesta segunda-feira, o governo disse que decidiu vetar o Orçamento porque o limite à dívida geraria "um risco para a capacidade do Estado de cumprir com suas obrigações".
"Essa não foi uma decisão simples", escreveu o ministro das Finanças paraguaio, Santiago Peã, na mensagem. "Avaliamos todas as alternativas, mas... as mudanças que eles fizeram colocam em risco os elementos fundamentais do funcionamento apropriado da economia."
O Senado restringiu o montante de bônus que o governo pode emitir para 349 milhões de dólares, menos do que os 558 milhões de dólares propostos. A medida teria reduzido a quantidade de dinheiro que o governo poderá levantar para pagar a dívida existente para 132 milhões de dólares, contra os 305 milhões de dólares propostos.
O país sul-americano emitiu 1,88 bilhão de dólares em bônus internacionais sob o governo Cartes, um ex-magnata do Partido Colorado, de centro-direita.
A decisão de vetar o Orçamento vem em meio a uma disputa entre Cartes, membros de seu próprio partido e a oposição antes da próxima eleição em 2018 por conta de uma proposta de emenda à Constituição que permitiria que os presidentes tentassem um segundo mandato.