Economia

Preços de celulose devem cair até o fim de 2012

Em abril e maio, tanto Fibria e Suzano Papel e Celulose elevaram os preços do insumo para valores em torno de 800 dólares a tonelada na Europa

Entre janeiro e abril deste ano o volume exportado subiu 0,5 por cento ante igual período de 2011 (Germano Lüders/EXAME.com)

Entre janeiro e abril deste ano o volume exportado subiu 0,5 por cento ante igual período de 2011 (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2012 às 22h41.

São Paulo - Apesar de dois aumentos nos preços de celulose nos últimos meses por empresas do setor, a perspectiva de analistas e economistas é de que esse comportamento tenha reversão até o fim de 2012, devido principalmente à desaceleração na economia mundial.

Em abril e maio, tanto Fibria e Suzano Papel e Celulose elevaram os preços do insumo para valores em torno de 800 dólares a tonelada na Europa, mercado de referência.

"Não acho que isso vai continuar. Trabalhamos com estabilidade do preço atual até o meio do ano e depois uma ligeira queda", afirmou o economista Bruno Rezende, da Tendências Consultoria.

Para os analistas Pedro Grimaldi, Leonardo Correa e Luiz Fornari, do Barclays, a crise na Europa deverá impedir a continuidade na trajetória de alta dos preços da celulose.

"Em nossa visão, uma combinação de fatores deve pressionar os preços de celulose no curto prazo: o mercado mais fraco de papel na Europa, a recente apreciação do dólar e as preocupações com a atividade chinesa (já refletida nos preços de outras commodities como minério de ferro e cobre)", disseram, em relatório.


O economista Wemerson França, da LCA Consultoria, também acredita que o atual cenário econômico terá impacto sobre os preços da celulose. "A crise se reflete nos preços... Essa tendência dos últimos meses não deve se manter."

Para ele, entre os fatores que contribuiu para o aumento recente estão as paradas programadas para manutenção em fábricas de algumas empresas. No primeiro trimestre, a Fibria fez uma parada na fábrica Veracel, enquanto a Suzano realizou uma parada em sua unidade em Mucuri, ambas no sul da Bahia.

O analista Rodrigo Fernandes, da Fator Corretora, lembrou ainda que a perspectiva de início de operação de novos projetos de celulose no fim do ano eleva a pressão sobre os preços.

"A partir do quarto trimestre de 2012 alguns projetos de expansão de capacidade produtiva entrarão no mercado. Dessa forma, se nós imaginarmos uma demanda estável ou com baixo crescimento, com uma oferta crescente, os preços de celulose poderão ser pressionados mais fortemente a partir de 2013", afirmou Fernandes em entrevista por e-mail.

"Desde o início deste ano, o preço-lista de celulose de fibra curta para a Europa aumentou em 20 por cento, ou 130 dólares por tonelada... Como o volume exportando não diminuiu, acreditamos que as condições de mercado estão melhores, porém ainda desafiadoras."

Para o analista William Alves, da XP Investimentos, "algumas empresas até apostam em alta nos preços de celulose, mas isso é muito marginal, porque os principais mercados estão em situação delicada".

Exportações

Com a perspectiva de uma desaceleração do crescimento econômico na China e a crise na Europa, as projeções para o volume de exportações de celulose também sofre influência.


Segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), entre janeiro e abril deste ano o volume exportado subiu 0,5 por cento ante igual período de 2011.

Em receita, entretanto, houve um recuo de 4,5 por cento, para 1,5 bilhão de dólares. Considerando apenas as receitas de exportações para a Europa, houve uma queda de 2,1 por cento, enquanto para a América do Norte a redução foi de 4,2 por cento. Para a China, houve diminuição de 0,2 por cento.

"Nossa perspectiva é de que as exportações acompanhem o desaquecimento da economia mundial", afirmou França, da LCA. "A Europa não entrou em recessão, mas chegou perto disso. E a China vem mostrando sinais de desaceleração."

Ao anunciarem os resultados do primeiro trimestre, Fibria e Suzano se mostraram mais otimistas com as exportações em 2012.

Na ocasião, o presidente da Suzano, Antonio Maciel Neto, disse a jornalistas que não considerava a desaceleração na China suficiente para afetar os projetos da empresa, e afirmou que a Europa não deveria enfrentar uma recessão como a de 2008.

Já o diretor comercial da Fibria, Henri Philippe Van Keer, em teleconferência na metade deste mês, declarou que o baixo estoque de celulose na Europa mantém as perspectivas positivas para a demanda da região.

Rezende, da Tendências, espera que a China volte a acelerar o crescimento no segundo semestre, o que contribuiria para elevar as exportações de celulose. A consultoria possui uma estimativa de alta de 2,5 por cento em 2012 para o volume de vendas externas do insumo.

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