Fábricas: índice mede os preços "na porta das fábricas" e não inclui os custos com frete e impostos que influenciam os preços ao consumidor (Fernando Cavalcanti)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 10h11.
Rio de Janeiro - O Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu 0,62 por cento em novembro sobre o mês anterior, maior alta desde agosto passado, pressionado pela forte valorização do dólar ante o real no período.
O indicador voltou a território positivo após ter recuado em outubro 0,45 por cento, em dado revisado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, depois de anunciar anteriormente recuo de 0,37 por cento. Em 12 meses, até novembro, o indicador acumulou alta de 5,47 por cento.
"A influência do dólar é direta e repercute na volatilidade do índice. Foi a quarta maior alta dos últimos 12 meses e todas elas coincidiram com a desvalorização do real frente ao dólar", disse o economista do IBGE Cristiano Santos, destacando que as principais variações ocorreram em setores atrelados ao mercado internacional.
Em novembro, o dólar acumulou avanço de 4,61 por cento ante o real e chegou à alta de 14,13 por cento no ano até então, para depois encerrar 2013 com valorização de 15,11 por cento.
Das 23 atividades pesquisadas em novembro, 16 apresentaram alta de preços, contra nove no mês anterior, segundo o IBGE. Na comparação mensal, as maiores variações positivas ocorreram nos preços de fumo (5,10 por cento), outros equipamentos de transporte (3,08 por cento), calçados e artigos de couro (2,78 por cento) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,59 por cento).
Alimentos
Já as maiores influências de alta sobre o indicador em novembro vieram de alimentos (0,25 ponto percentual), metalurgia (0,09 ponto) e veículos automotores (0,08 ponto).
"A alta dos alimentos está ligada à alta do dólar. Entre os produtos que mais subiram há exemplos de produtos dolarizados ou que usam insumos influenciados pelo dólar, como derivados da soja, açúcar e suco de laranja", disse Santos.
Em 12 meses, as maiores variações de preços ocorreram em fumo (14,63 por cento), papel e celulose (8,84 por cento), calçados e artigos de couro (8,35 por cento) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (8,15 por cento).
Nesse caso, os principais impactos vieram de alimentos (1,42 ponto percentual), metalurgia (0,61 ponto), refino de petróleo e produtos de álcool (0,47 ponto) e veículos automotores (0,39 ponto).
A inflação no final de 2013 vinha dando sinais de resistência, como apontado pelo Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que subiu 0,60 por cento em dezembro. Dentro do IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) acelerou a alta a 0,63 por cento, ante 0,17 por cento em novembro.
Com os olhos do mercado voltados aos próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne na próxima semana e definirá o futuro da Selic, a expectativa agora gira em torno da divulgação na quarta-feira dos dados de novembro da produção industrial e na sexta-feira dos números de dezembro e de 2013 do IPCA.
O IPP mede os preços "na porta das fábricas" e não inclui os custos com frete e impostos que influenciam os preços ao consumidor.