Commodities: as empresas da China acumulam 18 trilhões de dólares em dívida (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2016 às 09h14.
Pequim - Os preços ao produtor na China subiram inesperadamente em setembro pela primeira vez em quase cinco anos devido aos preços mais altos das commodities, em uma boa notícia para o governo no momento em que busca reduzir a crescente dívida corporativa.
Os dados oficiais de inflação divulgados nesta sexta-feira também mostraram aceleração da alta dos preços ao consumidor, ajudando a aliviar as preocupações dos investidores com a saúde da segunda maior economia do mundo após dados decepcionantes de da balança comercial na quinta-feira terem afetado os mercados globais.
As empresas da China acumulam 18 trilhões de dólares em dívida, equivalemnte a cerca de 169 por cendo do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com os dados mais recentes do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). A maior parte é detida por empresas estatais.
"Uma alta na inflação, se sustentada, será boa notícia para a capacidade da China de pagar sua dívida corporativa", disse o economista sênior do PNC Financial Service Group Bill Adams.
"Com a taxa de juros baixa mantendo os custos do serviço da dívida sob controle e os preços ao produtor subindo, o cenário para os lucros industriais da China está melhorando." Os preços ao produtor avançaram 0,1 por cento na comparação com o ano anterior, informou nesta sexta-feira a Agência Nacional de Estatísticas.
Embora o avanço tenha sido pequeno, foi a primeira vez que os preços ao produtor subiram na base anual desde janeiro de 2012, e aconteceu um pouco mais cedo do que a expectativa de alguns analistas de que isso seria registrado no final do ano.
Analistas consultados pela Reuters esperavam um recuo de 0,3 por cento, após queda de 0,8 por cento em agosto.
Os preços ao produtor na China têm caído desde março de 2012, e mais de quatro anos de deflação têm apertado o fluxo de caixa das companhias industriais.
Um boom de construção, alimentado por gastos do governo em infraestrutura e alta do setor imobiliário, tem ajudado a elevar os preços de materiais de construção, de aço a cobre, nos últimos meses. Já os preços do carvão saltaram conforme o governo tenta reduzir o excesso de capacidade.
Os preços dos metais ferrosos, não-ferrosos e de extração de carvão subiram juntos 4,1 por cento na comparação anual, importante fator para os preços ao produtor passarem a subir, segundo a agência de estatísticas.
A inflação ao consumidor também acelerou mais do que o esperado, para 1,9 por cento em setembro sobre o ano anterior, devido principalmente aos preços mais altos dos alimentos. Os preços dos alimentos avançaram 3,2 por cento em setembro sobre o ano anterior, contra 1,3 por cento em agosto.
Analistas esperavam avanço de 1,6 por cento dos preços ao consumidor, contra 1,3 por cento em agosto, mínima de 10 meses.