Plantação de milho: saca do cereal está sendo comprada por R$ 15 (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2014 às 16h07.
São Paulo - Os atuais preços baixos do milho em Mato Grosso, que preocupam produtores, são boa notícia para uma usina pioneira que produz etanol a partir do cereal, com as margens favoráveis colaborando com os planos de expansão de produção este ano.
A Usimat, que começou a operar em 2012, esmagou 67 mil toneladas de milho em 2013/14 e deverá atingir 100 mil toneladas entre novembro de 2014 e abril de 2015.
A empresa do município de Campos de Júlio também opera com cana, mas é com o cereal que a administração da companhia está mais satisfeita, em função dos custos mais competitivos desta matéria-prima.
"Já estamos recebendo (milho), porque a safra está em andamento, já estamos estocando", disse o gestor da usina, Sérgio Barbieri.
A saca de milho está sendo comprada por 15 reais, entregue na usina (incluindo frete e outros custos). Até 18 reais/saca, o grão é mais lucrativo que a cana, e até 21 reais é viável para a produção do combustível, diz Barbieri.
A unidade foi construída numa região remota, no oeste de Mato Grosso, grande produtora de milho mas distante dos portos e grandes centros consumidores, o que dificulta a logística e pressiona as cotações do grão pago aos agricultores.
Os produtores estão recebendo na fazenda 11 reais por saca de milho naquela região, abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo e com uma queda de 44 por cento em dois meses, devido ao avanço da colheita, segundo cotações apuradas pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
A usina aproveita a época de colheita do milho, quando os preços tradicionalmente ficam pressionados, para fazer suas compras, e depois armazena o produto para processá-lo apenas entre novembro e abril, na entressafra da cana.
Barbieri se orgulha de manter a unidade funcionando 340 dias por ano, contra 210 dias de uma usina que trabalha apenas com cana.
Assim como em praticamente todas as usinas que operam com cana no Brasil --muitas delas já em crise por problemas financeiros-- as margens para a Usimat, com cana, são mais apertadas.
"Vivemos, de certa forma, o inferno na cana e o céu no milho", disse o executivo.
O custo de produção de um litro de etanol de cana está em 1,20 real, contra 1,08 real para o etanol de milho. A conta inclui a venda de um subproduto do cereal, os grãos secos de destilaria (DDG, na sigla em inglês).
A Usimat é a primeira a produzir etanol à base de milho comercialmente no Brasil, técnica muito comum nos Estados Unidos. Outros projetos semelhantes já começam a ser estudados em outras partes de Mato Grosso, tendo a Usimat como modelo.
Especialistas ressaltam que o milho é mais competitivo que a cana em regiões específicas, com grande oferta do cereal e distantes do grande centro produtor de cana, no interior de São Paulo.