Viagem: a desaceleração nos preços dos itens de viagem pode estar relacionada ao desaquecimento da economia este ano (SXC/SXC)
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2013 às 08h04.
São Paulo - Os consumidores paulistanos parecem mais comedidos neste começo do mês para fechar pacotes de viagem. Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostram que as altas dos preços estão menos intensas do que as verificadas no mesmo período de 2012.
Segundo a Fipe, o item Viagem/Excursão teve variação de 1,63% na primeira quadrissemana de dezembro (últimos 30 dias encerrados no sábado retrasado), contra 3,01% no fechamento de novembro. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) medido na capital paulista.
Segundo a Fipe, as passagens aéreas também apresentaram alta um pouco menor na primeira medição deste mês (de 4,01%) contra a passada (de 4,64%).
Os números indicam que os preços não subiram como o esperado para esta época do ano, quando tradicionalmente ficam mais elevados por causa da demanda aquecida. Para efeito de comparação, na primeira leitura de dezembro de 2012, Viagem/Excursão registrou alta expressiva de 5,80%, enquanto as passagens aéreas tiveram aumento ainda maior, de 13,62%.
Para o coordenador do IPC-Fipe, o economista Rafael Costa Lima, a desaceleração nos preços dos itens de viagem pode estar relacionada ao desaquecimento da economia este ano. A expectativa do mercado financeiro é de que o Produto Interno Bruto (PIB) registre expansão de apenas 2,3% em 2013, conforme a mediana das expectativas da mais recente pesquisa do AE Projeções.
Apesar de o número ser maior que o crescimento de 1,0% registrado em 2012, em dados atualizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda é considerado ruim pelos analistas.
Costa Lima lembra que o aumento dos gastos com viagens registrado em novembro estava bastante relacionado à pressão de custos das empresas, mas a desaceleração de agora pode estar ligada à demanda mais baixa.
"Talvez os setores envolvidos imaginassem que a sazonalidade seria, de fato, favorável, mas aparentemente pode estar ocorrendo restrição de demanda. Então, as empresas seriam obrigadas a dar descontos para fechar os pacotes", avaliou.
Vestuário
Outro ponto fora da curva, lembrou Costa Lima, é o comportamento atual da inflação de roupas e acessórios. No levantamento da Fipe da primeira quadrissemana de dezembro, o grupo Vestuário desacelerou a 0,26%, após aumento de 0,34% no fechamento de novembro.
"É algo surpreendente (para a época do ano). Já esperávamos aceleração, mas desde novembro está vindo um pouco diferente, com altas menores", disse, acrescentando que o movimento também pode estar relacionado à baixa demanda, em razão da atividade enfraquecida.
"Seria coerente com essa história. A economia não está indo de vento em popa", disse Costa Lima. Na primeira quadrissemana de dezembro de 2012, a taxa do grupo Vestuário foi de 1,77%, segundo a Fipe. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.