Produtos Yara: relação de troca está favorável para praticamente todas as principais culturas (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2014 às 14h25.
São Paulo - Com os preços firmes da soja, a relação de troca do produto com o fertilizante está estimulando negócios antecipados em Mato Grosso, maior produtor brasileiro da oleaginosa, onde os agricultores já compraram grande parte de suas necessidades do insumo para plantio a partir de meados de setembro.
A afirmação é do presidente da divisão brasileira da norueguesa Yara, maior produtora de fertilizantes do mundo, que atingiu a liderança no Brasil, com fatia de 25 por cento do mercado, após a compra de ativos da Bunge.
"Continua forte o movimento de antecipação. Então está vendendo adubo lá em Mato Grosso para usar em setembro... E o Estado, provavelmente, já comprou quase 70 por cento do fertilizante que ele vai usar no segundo semestre", disse Lair Hanzen, presidente da Yara Brasil, em entrevista à Reuters.
Segundo ele, a relação de troca está favorável para praticamente todas as principais culturas, mas principalmente para a soja, que responde por mais de 40 por cento das vendas totais de fertilizantes no país.
No caso da soja, a relação de troca atingiu 18 sacas de 60 kg por tonelada de fertilizante em abril, contra 22 sacas nesta mesma época do ano passado, disse ele, citando levantamento feito pela Agroconsult em importante praça de referência em Mato Grosso.
Os fertilizantes respondem, em média, por cerca de 30 por cento do custo de produção da oleaginosa, acrescentou. As vendas antecipadas em ritmo acelerado indicam boas perspectivas para a próxima safra do Estado, que responde por cerca de um terço da produção brasileira.
"A antecipação já vinha crescendo muito, e isso não mudou... Então, o fato de não ter caído a antecipação já é um bom sinal para a agricultura", disse.
O volume de fertilizante comercializado em Mato Grosso antecipadamente está alguns pontos percentuais à frente de igual período do ano passado, disse Hanzen, sem dar detalhes.
O executivo acrescentou que este é um fenômeno que vem sendo registrado nos últimos cinco anos, em meio a um processo de maior profissionalização do setor, com grupos maiores que contam com maior acesso a crédito. Esta profissionalização, segundo ele, é reflexo de uma sequência de quase oito safras fortemente remuneradoras, que deixa o produtor ou os grupos agrícolas em condição melhor para negociar a compra do adubo.
"Provavelmente, alguns dos compradores que hoje estão comprando adubo para o segundo semestre, talvez eu não vendesse por não acreditar no crédito para eles... Mas isso mudou, porque é comandado justamente pela rentabilidade da agricultura", ponderou.
No acumulado do ano até abril, as vendas de fertilizantes já cresceram 8 por cento, para 7,77 milhões de toneladas, ante o mesmo período do ano passado, segundo acompanhamento da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
Ele explicou que as vendas fortes do início do ano foram motivadas por compras para adubação do milho ("safrinha"), que teve uma melhora de preços, motivando compras que tradicionalmente seriam feitas no final do ano passado. Além disso, um aumento de cerca de 50 por cento nos preços do café também estimulou as compras.
Diante da forte demanda da agricultura brasileira, a empresa vê necessidade de expansões no Brasil, com modernização de plantas misturadoras ou a compra de unidades a cada dois anos para manter sua liderança no país, disse Hanzen recentemente.
O Brasil, que importa cerca de 70 por cento de sua necessidade de adubos, é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, atrás de China, Índia e Estados Unidos.