(Adriano Machado/Reuters)
Ligia Tuon
Publicado em 28 de agosto de 2020 às 06h00.
Última atualização em 28 de agosto de 2020 às 06h15.
Termina nesta sexta-feira, 28, o prazo dado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para a entrega de um novo desenho para o Renda Brasil, substituto do Bolsa Família, marca deixada pela gestão petista.
De olho no legado que pode deixar, o presidente Jair Bolsonaro quer pagamentos mais próximos de 300 reais por pessoa, enquanto a sugestão do ministro se aproxima mais dos 250 reais.
Atualmente, o Bolsa Família paga um valor médio de 190 reais a cerca de 14 milhões de famílias. A intenção é que o número de beneficiados do novo programa chegue a 20 milhões.
Além disso, o presidente não quer abrir mão do abono salarial, pago a trabalhadores formais que ganham até dois salários-mínimos. O problema é que o benefício é considerado fundamental para viabilizar essa ampliação, com potencial de abrir um espaço de 20 bilhões de reais no orçamento.
Esse impasse tem atrasado o lançamento do programa, que estava marcado para acontecer na última terça-feira. No dia seguinte, Guedes foi criticado publicamente pelo presidente, que disse que não vai “tirar de pobres para dar a paupérrimos”, se referindo a uma possível extinção do abono.
Uma alternativa, segundo Guedes, seria cortar as deduções de saúde e educação do Imposto de Renda. Um estudo do Ministério da Economia aponta que a Receita deixa de receber por ano R$ 15 bilhões em função dos descontos com saúde. Nesse cenário, os mais ricos são os mais privilegiados.
Bolsonaro deve se reunir com os técnicos de cada ministério no final da tarde para "bater o martelo" do programa a ser enviado ao Congresso, segundo o ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.