O ministro das Finanças, Vitor Gaspar (e) e o premiê Pedro Passos Coelho: Gaspar explicou que as novas estimativas calculam um retrocesso da economia de 3,3% em 2012 (Francisco Leong/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de fevereiro de 2012 às 11h22.
Lisboa - O governo português anunciou nesta terça-feira que a troika aprovou sua gestão para cumprir com o programa de ajustes pactuado em troca de seu resgate financeiro, por isso liberará um novo lance de sua ajuda, de 14,9 bilhões de euros.
Em entrevista coletiva, o ministro de Finanças português, Vítor Gaspar, destacou que Portugal está 'no bom caminho' para conseguir seus objetivos nos prazos marcados, e descartou de forma categórica a possibilidade de pedir qualquer tipo de modificação do acordo assinado em 2011 apesar da piora de suas previsões econômicas.
Gaspar afirmou que a análise trimestral realizada pelos técnicos da troika - formada pela União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - foi concluída 'com sucesso' e respalda as ações empreendidas pelo Executivo.
Durante seu discurso, Gaspar explicou que as novas estimativas do Governo calculam um retrocesso da economia para este ano de 3,3%, três décimos pior que em cálculos anteriores e que coincide com as últimas previsões da Comissão Europeia.
O ministro rejeitou que Portugal pense em modificar seus compromissos apesar do desfavorável contexto econômico, postura que justificou pela necessidade de dar sinais de 'credibilidade' perante a hipótese de que o país necessite de um novo resgate por motivos externos.
Portugal deve reduzir seu déficit público em 2012 até 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em um contexto de forte crise econômica, com uma recessão prevista para este ano de 3,3% e uma taxa de desemprego que alcançará 14,5%.
'Nossos parceiros internacionais manifestaram repetidamente sua disponibilidade para prestar o apoio adicional necessário a Portugal, se por condições que escaparem do controle do país, surgirem dificuldades para retornar ao mercado', disse Gaspar.
O ministro acrescentou que caso exista essa 'alteração das condições' estipuladas originalmente com a troika, esta não será produzida a pedido do Governo português.
Portugal prevê voltar a emitir dívida a longo prazo no segundo semestre de 2013, um objetivo que analistas, agências de qualificação e investidores põem em dúvida devido aos juros insustentáveis que este tipo de títulos cotam no mercado secundário, usado como valor de referência.
O Executivo português, no entanto, não deseja colocar qualquer tipo de modificação nos acordos alcançados com a troika, já que pedir uma revisão de suas metas e compromissos 'não é compatível' com o aumento da confiança e credibilidade que pretende conseguir entre os investidores, segundo Gaspar.