Economia

Portos de Santos e Paranaguá recebem menos caminhões com grãos em junho

Em Santos, o principal porto da América Latina, chegaram 22,4% caminhões nos dez primeiros dias do mês frente igual momento do ano passado

Portos: proximidade dos terminais de Paranaguá em relação a silos e o escoamento ferroviário em Santos reduziram impactos da greve (Gilson Abreu/Divulgação)

Portos: proximidade dos terminais de Paranaguá em relação a silos e o escoamento ferroviário em Santos reduziram impactos da greve (Gilson Abreu/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 15 de junho de 2018 às 16h17.

São Paulo - A chegada de caminhões com grãos aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), por onde é escoada boa parte da safra agrícola brasileira, está menor na parcial de junho em meio às discussões sobre o tabelamento de fretes, embora algumas logísticas e negócios pontuais tenham impedido uma retração ainda maior.

Em Santos, o principal porto da América Latina, chegaram 22,4 por cento menos caminhões nos dez primeiros dias do mês frente igual momento do ano passado, totalizando cerca de 13 mil veículos, segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

Essa quantidade é ainda 25 por cento menor frente os mais de 17 mil observados entre 1º e 10 de maio, antes dos protestos dos caminhoneiros.

Em Paranaguá, a diminuição foi de 14,2 por cento entre 1º e 14 deste mês. Conforme a administração portuária (Appa), uma média de 1.098 caminhões carregados com grãos chegou ao porto nesse período, ante 1.281 na comparação anual.

As chegadas têm sido suficientes para garantir os embarques, mas não para recompor os estoques locais, disse a Appa, acrescentando que as reservas estão na metade da capacidade máxima de 1,5 milhão de toneladas desde os protestos de caminhoneiros.

Logísticas e negócios

Associações do agronegócio vêm relatando que as indefinições quanto à tabela de fretes têm travado negócios e o escoamento, principalmente de soja, cuja safra recorde acabou de ser colhida.

Na véspera, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu ações contra o tabelamento, mantendo-o em vigor pelo menos até quarta-feira da próxima semana, quando o ministro Luiz Fux realizará uma audiência com as partes envolvidas.

"Temos a expectativa de que o ministro (Fux) tome um decisão de, neste primeiro momento, dar tempo para as partes dialogarem e buscarem um acordo", afirmou o assistente executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Lucas Trindade.

A entidade informou nesta sexta-feira que a exportação de soja do Brasil entre 3 e 9 de junho caiu em meio aos efeitos da greve dos caminhoneiros e problemas para contratar frete em função da tabela mínima aprovada pelo governo.

Mas Trindade explicou que Paranaguá, ao contrário, conta com uma logística mais favorável para recebimento de soja, uma vez que há mais silos próximos e cooperativas com caminhões próprios. O Paraná é o segundo maior produtor da oleaginosa, atrás apenas de Mato Grosso.

"Paraná tem uma logística menos prejudicada dada a proximidade dos silos com o porto. É muito diferente do cenário geral do Brasil. Não são muitas cargas interestaduais (que chegam à Paranaguá)", explicou.

Em Santos, a ferrovia tem um papel importante no recebimento de cargas, o que ajuda a evitar uma redução maior nos estoques e nas movimentações nos terminais.

"O modal rodoviário representa 61 por cento do total do açúcar, 19 por cento do farelo, 25 por cento do milho e 51 por cento da soja... O restante chega por ferrovia", destacou a Codesp.

Uma fonte do setor de soja afirmou à Reuters, sob condição de anonimato, que algumas empresas têm usado frotas próprias ou realizando "acordos específicos" para o escoamento de soja de armazéns até os portos, à revelia da tabela de fretes, garantindo uma parte do fluxo de transporte.

Conforme a fonte, esses negócios são para honrar contratos de exportação. Já a retirada do produto nas propriedades "não está ocorrendo".

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