Economia

Por que o mercado de sexo ficou mais barato?

Reportagem da The Economist analisou dezenas de milhares de perfis de prostitutas e descobriu que o preço médio de serviços sexuais caiu nos últimos anos

Prostitutas em Nevada, único local dos EUA onde a prostituição é legalizada (David Paul Morris/Bloomberg)

Prostitutas em Nevada, único local dos EUA onde a prostituição é legalizada (David Paul Morris/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 11 de agosto de 2014 às 17h08.

São Paulo - O mercado do sexo é praticamente tão antigo quanto a humanidade, mas tabus morais e restrições legais fazem com que ele continue sendo um dos menos compreendidos.

Algumas tentativas foram feitas recentemente, como a do Urban Institute, que mapeou a economia ilegal de 8 cidades americanas e descobriu que o sexo movimenta US$ 290 milhões por ano só em Atlanta.

A União Europeia definiu recentemente que seus membros devem começar a incluir drogas e prostituição na conta do PIB.

Agora, em uma longa reportagem na sua última edição, a The Economist fez um retrato econômico da economia do sexo nos dias atuais.

Além de conversar com estudiosos do tema, a revista britânica analisou 190 mil perfis de prostitutas cadastradas em um site internacional de resenhas. Os dados vem desde 1999 e englobam 84 cidades grandes em 12 países ricos, a maioria nos Estados Unidos.

A principal conclusão é que o preço médio de uma hora de serviço sexual caiu consideravelmente nos últimos anos. Uma das razões é a crise financeira de 2008, que causou uma queda na demanda - como seria de se esperar para qualquer bem ou serviço não essencial.

A imigração em massa também tem seu papel. Cidades grandes e ricas tendem a atrair trabalhadores de todas as profissões, incluindo prostitutas. Partes da União Europeia, em especial, receberam um grande fluxo com a inclusão de novos países membros com populações mais pobres.

Estas recém-chegadas acabam cobrando menos por serem inexperientes e por ainda não estarem conectadas no mercado estabelecido, onde há um certo controle informal dos preços.

Internet

O principal fator, no entanto, é o mesmo que continua virando de cabeça para baixo inúmeras indústrias, da música ao transporte: a internet.

Apesar de chamar mais atenção, a troca de serviços sexuais abertamente nas ruas sempre foi uma parcela pequena do mercado de sexo geral, focado principalmente em bórdeis e serviço a domicílio. A internet tornou este comércio mais seguro, mais discreto e mais anônimo, o que serve como estímulo para a entrada de prostitutas no mercado.

Além disso, ela torna a troca de informações entre trabalhadoras e clientes mais fácil e transparente, diminuindo a necessidade de intermediários e tornando os bórdeis cada vez menos relevantes.

Ao mesmo tempo, o sexo casual é hoje visto com mais naturalidade pela sociedade, até pela proliferação dos aplicativos de paquera - o que também diminui a demanda por prostitutas, e por consequência, os preços que elas podem cobrar.

Além desta análise, que incluiu também uma estimativa do preço médio de cada ato sexual, a matéria também traz algumas curiosidades. Uma delas é que educação aumenta a renda no mercado do sexo da mesma forma que no mercado de trabalho geral.

Um estudo de Scott Cunningham, da Universidade de Baylor, e Todd Kendall, da consultoria Compass Lexecon, mostrou que prostitutas graduadas ganhavam em média 31% mais que as não-graduadas.

Outra é que cirurgia plástica pode ser uma decisão economicamente inteligente para uma prostituta: "uma mulher com pouco seio que opera para ter seios avantajados ganha em média 40 dólares a mais por hora, o que significa que um preço típico de US$ 3.700 para uma cirurgia se paga após cerca de 90 horas."

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