Economia

Por que o fim da era Kirchner é bom para o Brasil?

A queda do preço das commodities derrubou a capacidade argentina de importar, o que fere a indústria brasileira na veia


	Mauricio Macri: novo governo argentino é a esperança de um retorno do país aos mercados de capitais
 (Ivan Alvarado/REUTERS)

Mauricio Macri: novo governo argentino é a esperança de um retorno do país aos mercados de capitais (Ivan Alvarado/REUTERS)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2015 às 16h10.

São Paulo - Uma grande mudança começou na Argentina no último domingo. Depois de mais de uma década de governo do casal Kirchner, as urnas alçaram à Presidência o candidato da oposição, Mauricio Macri.

Esta, sem dúvida, é boa notícia para o Brasil.

O principal problema da economia Argentina é a combinação de perda do acesso aos mercados de capitais internacionais e escassez de reservas internacionais.

Em outras palavras, a Argentina é hoje como uma família sem cartão de crédito e com o dinheiro curto: quando entra algum tostão, tudo bem, a família vai ao supermercado; mas, se não entra aquela graninha, a família tem de penhorar até as joias para conseguir comprar o leite das crianças.

Na vida sem crédito, tudo vai bem enquanto se tem renda. Mas quando a renda diminui… Aí o bicho pega.

E o bicho que está pegando na Argentina dá as suas arranhadas no Brasil. A queda do preço das commodities derrubou a capacidade argentina de importar.

Isso machuca a indústria brasileira na veia. Ainda mais porque, sem dinheiro para comprar produtos de fora do país, o governo argentino vinha levantando barreiras à importação que ignoravam compromissos assumidos no Mercosul.

O novo governo argentino é a esperança de um retorno da Argentina aos mercados de capitais. As oportunidades são imensas. A Argentina possui grandes reservas de gás natural que não são exploradas, afinal, a grana por lá anda em falta.

Mas os cidadãos argentinos possuem grandes poupanças no exterior. Essa dinheirama pode ser repatriada caso seus possuidores sintam-se seguros de que o governo não irá expropriá-las (tirar de seus donos).

A travessia para a Argentina, no entanto, não será fácil. O casal Kirchner deixa de herança um Estado nada confiável. Nem mesmo estatísticas oficiais de inflação e atividade econômica possuem credibilidade.

E o governo Macri não terá maioria no Congresso, logo, reformas provavelmente serão graduais. Mas os primeiros sinais e os nomes de sua equipe econômica sugerem boa notícia.

Este novo governo parece estar comprometido em fazer a coisa certa: trazer a Argentina de volta à comunidade internacional.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCommoditiesCristina Kirchnereconomia-brasileiraMauricio MacriPolíticos

Mais de Economia

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1