Economia

Entenda por que a inflação de maio subiu mais que o esperado

O índice acelerou em maio e teve a maior alta de 25 anos, acumulando aumento de 8,03% nos preços dos últimos 12 meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83% em maio, taxa maior do que previam instituições financeiras (Germano Lüders/Exame)

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83% em maio, taxa maior do que previam instituições financeiras (Germano Lüders/Exame)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 9 de junho de 2021 às 16h24.

Última atualização em 11 de junho de 2021 às 08h11.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação brasileira, subiu em maio a uma taxa maior do que previam instituições financeiras, de 0,83% em comparação a abril. A alta mensal foi a maior registrada em 25 anos. A expectativa do mercado variava entre 0,70% e 0,74%.

Segundo economistas, a inflação no mês sofreu principalmente com o impacto dos chamados preços administrados, que incluem tarifas de energia elétrica, por exemplo, e preço de combustíveis, que subiram mais do que o esperado.

Além disso, a alta de alguns produtos industriais e artigos de residência também surpreendeu as expectativas, aponta o analista do BTG Pactual Arthur Mota.

"Para o final do ano prevemos aumento do IPCA de 5,95%, bem acima da meta e do teto da meta, de 5,25%. Os maiores vilões têm sido os preços administrados e a gente considera no nosso cenário que essa bandeira vermelha 2 deve permanecer até novembro", avalia.

Com o IPCA de maio, o país teve uma inflação acumulada nos últimos 12 meses de 8,06%. Em abril, a alta havia sido de 6,76%. O economista aponta que a expectativa era de que o índice ultrapassasse os 8% apenas em junho. Ele prevê que ao final deste mês, o índice acumulado ainda deva subir.

Com o agravamento da crise hídrica entre o ano passado e este no Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elevou em maio a bandeira tarifária para a vermelha patamar 1, a segunda mais alta, que acrescenta R$ 4,169 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos. O aumento fez com que o preço da energia elétrica subisse 5,37% no mês, o que puxou a inflação dos custos de habitação monitorados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para uma alta de 1,78%.

Para a conta de junho, a agência já definiu a elevação da tarifa para a bandeira vermelha patamar 2, que adiciona R​$6,243 para cada 100 kWh consumidos, o que deve seguir impactando na inflação mensal.

Além da energia, os preços de combustíveis também tiveram alta significativa. A gasolina subiu 2,87%, o gás veicular, 23,75%, o etanol, 12,92%, e o óleo diesel, 4,61%, o que impactou os preços do grupo de transportes. A alta da categoria em maio foi de 1,15%.

Retorno da mobilidade

Além do aumento da energia e combustíveis, economistas apontam a surpresa com os preços de alimentação fora do domicílio. Em maio, a alta foi de 0,98%.

Para a economista-chefe da ARX Investimentos Elisa Machado, o dado reflete um repasse da alta das commodities que afetou os preços de alimentos nos últimos meses e a retomada de atividade resultante do relaxamento das restrições relacionadas ao combate da disseminação da covid-19.

"Esse é o dado mais interessante, porque ele mostra exatamente o quadro que temos na inflação hoje. Há uma pressão de custo por conta de questões de oferta e por outro lado pressões de demanda que já aconteceram do lado de bens e que agora esperamos que aconteça do lado de serviços com a vacinação, a reabertura, a retomada da economia", avalia.

Assine a EXAME e acesse as notícias mais importante em tempo real.
Acompanhe tudo sobre:EXAME-no-InstagramIBGEInflaçãoIPCAPreços

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto