Nota de vinte dólares canadenses: as notas de 20 dólares, quando cortadas ao meio, têm valor de 10 (foto/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2016 às 07h30.
Na cidade de Gaspé, que fica na província canadense de Quebec, os habitantes locais resolveram criar um novo sistema de moedas, o "Demi", que significa "metade" em francês.
As notas de 20 dólares, quando cortadas ao meio, têm valor de 10. As de 10, cortadas, passam a valer 5.
A intenção é incentivar o comércio local: quando alguém compra comida de um mercado da cidade com o Demi, por exemplo, os donos do comércio têm que utilizar o dinheiro cortado.
E o único local em que é possível fazer compras com notas rasgadas ao meio é em Gaspé.
"O Banco do Canadá acredita que escrever, fazer marcas ou mutilar notas é inapropriado, já que elas são um símbolo do nosso país e fonte de orgulho nacional", disse a porta-voz do banco, Josianne Ménard.
No Brasil, a prática não funcionaria: rasgar dinheiro é considerado crime, e prevê detenção de seis meses a seis anos.
Essa não é a única iniciativa que visa a criar um novo sistema de moedas: o HOURS, criado na cidade de Ithaca, em Nova York, utiliza as suas próprias notas, produzidas dentro da comunidade.
"Enquanto os dólares nos deixam mais dependentes dos bancos e das corporações transnacionais, o HOURS reforça e expande o comércio local, o que é mais responsável segundo as nossas preocupações ecológicas e de justiça social", afirma Paul Glover, que iniciou o programa.
A grande vantagem do Demi é que é falsificá-lo é tão difícil quanto falsificar qualquer dólar canadense. Uma das grandes preocupações de sistemas que utilizam moedas "caseiras" é que elas são facilmente forjadas.
O Demi exclui esse problema. Em contrapartida, apresenta outro, que pode ser ainda mais preocupante: qualquer pessoa que possua um dólar canadense, de qualquer parte do país, pode fazer um Demi e utilizá-lo em Gaspé.
O difícil para os comerciantes locais é ter onde gastar esse dinheiro depois.