Economia

Por que a sua Nutella pode ficar mais cara

A Nutella é um doce globalizado e o preço dos dois principais ingredientes está sendo afetado por fatores climáticos e o apetite dos emergentes

Ferrero, empresa dona da Nutella, proibiu fã de usar o nome e imagem da marca em blog criado na internet (Alisson Hare / Creative Commons)

Ferrero, empresa dona da Nutella, proibiu fã de usar o nome e imagem da marca em blog criado na internet (Alisson Hare / Creative Commons)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 14 de agosto de 2014 às 15h37.

São Paulo - A Nutella é um produto genuinamente globalizado.

Não foi por acaso que na hora de ilustrar como funciona uma cadeia global de produção e distribuição, a OCDE escolheu o doce.

E como mostra o infográfico, o elemento chave - a avelã - vem da Turquia, responsável por 70% da produção mundial.

O problema é que uma geada no começo do ano arrasou com a produção da noz, que caiu de uma estimativa inicial de 800 mil toneladas para 520 mil, segundo números do Financial Times obtidos com Brijesh Krishnaswamy, vice-presidente de nozes da Olam, uma câmara de comércio internacional de agricultura.

Com a falta de oferta, os preços subiram 60% e atingiram o maior nível em mais de uma década. 

A Ferrero, empresa italiana que produz a Nutella, é a compradora número um de avelã do mundo e adquiriu no mês passado a Oltan, maior processadora do produto na Turquia.

Isso dá à empresa um maior controle sobre o fornecimento do produto (para desespero dos seus competidores), mas os custos estão pressionados também na outra ponta: o chocolate.

O preço de cacau está no seu maior nível em mais de 3 anos graças a uma explosão da demanda em mercados emergentes como China e Índia.

Curiosamente, a própria Nutella surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial como uma forma de tornar o chocolate mais acessível para a massa através da mistura com outros produtos.

Procurada pela reportagem, a Ferrero ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Enquanto isso, os preços dos alimentos de forma geral atingiram seu menor nível em seis meses, de acordo com a agência de alimentação da ONU, após fortes choques nos últimos anos.

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