Região de comércio em São Paulo: nem o consumo deve salvar PIB neste ano (Antonio Milena)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2012 às 12h40.
São Paulo – O fraco crescimento do produto interno bruto (PIB) do Brasil foi a grande decepção do ano para o mercado, na opinião de Mario Felisberto, diretor de investimentos da HSBC Global Asset Management. “Mercado, governo, quase ninguém antecipava o que aconteceria em 2012”, afirmou hoje em conversa com jornalistas. “A projeção geral era de um crescimento entre 3% e 4%”, disse.
A expectativa de crescimento foi diminuindo ao longo do ano e as chances de apenas uma pequena expansão da economia brasileira neste ano foram reforçadas após a última sexta-feira, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB do terceiro trimestre cresceu apenas 0,6% ante o segundo trimestre, e 0,9% sobre o mesmo período de 2011, números bem abaixo do estimado pelo mercado.
Com a divulgação mais recente, o HSBC também revisou sua projeção de crescimento para o PIB neste ano, que passou de 1,5%, para apenas 1%. O número é muito próximo ao estimado pelo mercado, segundo o Boletim Focus mais recente, no qual a projeção do PIB para este ano caiu para 1,27%. Para 2013, a estimativa da HSBC Global Manegment passou de 3,5%, para 3%.
O crescimento mais fraco veio apesar de uma série de medidas de estímulo ao consumo, desonerações e queda dos juros, o que tornou a surpresa com o baixo crescimento ainda maior, afirmou Felisberto.
Por que decepciona?
Na opinião do diretor de investimentos, três fatores principais podem ter influenciado esse resultado muito abaixo das perspectivas iniciais. Em primeiro lugar, os efeitos da economia global, que sofreu com crise na Europa, desaceleração na China, e período de recuperação nos Estados Unidos.
“Ninguém achou que a economia brasileira era independente, mas sem dúvidas, todos esperavam um impacto menor”, diz, lembrando que a desaceleração da economia global já era prevista, mas a intensidade dos efeitos no Brasil é que surpreendeu.
Outro ponto é que, após a crise de 2008, na saída em 2009, foram feitos diversos estímulos ao consumo, que surtiram efeito naquele momento. Esse tipo de incentivos foi repetido neste ano, porém, com um resultado muito limitado. “Havia uma demanda reprimida em 2009, mas hoje isso já estava saturado”, afirmou Felisberto.
O terceiro ponto que influenciou no fraco crescimento da economia é a queda do investimento fixo, no qual as empresas investem para aumentar a capacidade produtiva no longo prazo.
Com a situação atual de crescimento baixo e sem certeza de que haverá demanda no futuro, as empresas reduzem seus investimentos. “Isso é importante porque afeta não só os números de curto prazo, como também cria dúvidas sobre a capacidade da economia de crescer daqui para frente”, disse.