Economia

Após ofensiva do Fed, apostas em queda de 0,25 ponto na Selic ainda valem?

A maior parte dos economistas aposta em redução de 0,25%. Mas há quem projete queda de até 1%

Selic: crescimento da economia é afetado pelo Covid-19. (Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Selic: crescimento da economia é afetado pelo Covid-19. (Marcello Casal jr/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2020 às 14h00.

Última atualização em 17 de março de 2020 às 12h27.

São Paulo — As decisões anunciadas neste domingo pelo Fed, banco central dos Estados Unidos, de cortar a taxa de juro americana pela segunda vez em menos de duas semanas como resposta ao coronavírus aumentam as apostas, no Brasil, de uma redução mais acentuada da Selic. A próxima reunião do Copom acontece na quarta-feira 18. 

Levantamento feito pelo Projeções Broadcast mosra que, na semana passada, de um total de 50 instituições consultadas, 21 esperavam por um corte de 0,25 ponto, para 4,00% ao ano. Outras 20 casas aguardavam um corte de 0,50 ponto, para 3,75% ao ano. E nove delas ainda apostavam na manutenção da taxa básica em 4,25% ao ano.

Em novo levantamento realizado na segunda-feira, 16, das 26 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 16 estimaram corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, o que levaria a taxa a 3,75% imediatamente. Outras cinco estimaram corte de 1,0 ponto porcentual, enquanto duas projetaram queda de 0,75 pp e outras três, de apenas 0,25 pp - nenhuma casa esperava manutenção da Selic nos atuais 4,25%.

"Achamos que podem anunciar uma queda maior do que 0,50 ponto percentual depois do anúncio de ontem nos EUA", diz Rafael Cardoso, economista-chefe do Daycoval. A instituição, porém, mantém sua estimativa oficial num corte de 0,50.

"O BC terá de se pronunciar se deseja cortar os juros para dar suporte ao preço dos ativos ou se deseja controlar o câmbio. As duas coisas nos parece algo impossível, e mesmo queimando reservas o efeito pode ser tímido", diz André Perfeito, chefe da corretora Necton.

O UBS, banco suíço de investimento, foi mais longe e pediu que o Banco Central brasileiro aja imediatamente com um corte de 1 ponto percentual na taxa básica, hoje em 4,25%.

“Acreditamos que essas medidas justifiquem uma ação mais agressiva e preventiva do Banco Central. Prevemos agora um corte imediato na taxa de 100 pontos-base, levando a Selic para 3,25%”, escreveram os economistas do banco Tony Volpon e Fabio Ramos em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira.

O economista-sênior da XP Investimentos, Marcos Ross, prevê que o Banco Central fará uma redução de meio ponto percentual e vai ainda anunciar mais medidas de estímulo à economia. Além disso, ele espera maior intervenção no mercado de câmbio. 

"Mantemos nossa visão de que o BC  anunciará um corte de 0,50 ponto percentual junto com outras medidas de estímulo", diz Ross.

No relatório divulgado no domingo, 15, a XP mudou também a projeção da Selic para 2020. "Mudamos nosso entendimento a respeito do corte total na Selic ao longo de 2020: de 3,50% para 2,75%."

Até a semana passada grande parte dos analistas apostava num corte de 0,25 ponto percentual. "O Brasil enfrenta um intenso choque negativo doméstico e externo à atividade real", disse o Goldman Sachs em relatório do dia 16, no qual justificou sua previsão de corte nesse nível. 

A Guide Investimentos também segue com previsão de 0,25 ponto de corte, assim como o Itaú. "Entendemos que, em termos líquidos, os desenvolvimentos das últimas semanas, a evolução do balanço de riscos e das perspectivas para a inflação, permitem uma cautelosa flexibilização adicional da política monetária", disse o Itaú em nota.

(Com informações de Estadão Conteúdo)

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomFed – Federal Reserve SystemSelic

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo