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Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 08h58.
Varsóvia - Com mais de dois milhões de poloneses no exterior, principalmente em países da União Europeia, e a emigração aumentando, motivada pelos baixos salários oferecidos na Polônia, o governo de Varsóvia olha com preocupação para a diminuição da população.
Zuzanna Jurczak, empregada de farmácia de 29 anos, já emigrou há algum tempo; saiu do leste, a região mais pobre do país, para a Posnania, no oeste, por acreditar que os salários e as condições de trabalho seriam melhores.
Por isso agora se prepara para uma nova mudança, desta vez a Londres, onde já vivem vários de seus amigos que a encorajam a dar o salto para trabalhar com melhor salário e maior projeção.
"Continuo ganhando muito pouco e, se não fossem meus pais terem me ajudado a comprar um apartamento (de cerca de 40m²), meu salário não me permitiria viver com nenhuma folga", explicou à Agência Efe Zuzanna, que lamentou que na Polônia muitas profissões não sejam suficientemente bem pagas.
O caso de Zuzanna é igual ao de outros milhares de poloneses que, todos os anos, decidem abandonar seu país para se mudarem, principalmente, para o Reino Unido, a Alemanha, a Irlanda e a Escandinávia.
Muitos dos emigrantes poloneses são de pequenas localidades e áreas rurais do leste de país, onde, apesar de haver oportunidades de trabalho (o desemprego na Polônia oscila em torno de 13%), os salários nem sempre alcançam o mínimo, fixado em 400 euros mensais.
O Escritório Central de Estatística da Polônia estima que cerca de 2,1 milhões de poloneses vivam no exterior, um número que chegou a alcançar os 2,3 milhões em 2007, quando a crise econômica fez com que muitos voltassem para casa e fizesse pensar que o êxodo tinha chegado ao fim.
No entanto, nos últimos três anos o número de emigrantes voltou a aumentar e aos trabalhadores não qualificados que saem de zonas rurais se somam jovens graduados que partem com a intenção de economizar durante alguns anos para depois retornar, embora isto nem sempre aconteça.
O responsável pelo sindicato patronal polonês, Henryka Bochniarz, diz que no país existe uma "fuga de cérebros", e que é preciso tentar freá-la para que no futuro o país possa contar com seus próprios talentos.
Para isso o salário médio do país terá que aumentar, já que atualmente mal supera os 3.800 zlotis brutos (R$ 2.900), enquanto o custo de vida cresce nas grandes cidades.
Recentemente, o governo polonês anunciou sua intenção de elevar o salário mínimo e de estudar a possibilidade de impor um salário mínimo por hora de trabalho.
Para a socióloga Malgosia Wos, o número de emigrantes poloneses deveria diminuir pouco a pouco nos próximos anos, conforme a brecha entre a economia polonesa e da Europa ocidental também vá diminuindo.
No entanto, apontou Wos, deve-se levar em conta o lado positivo da situação: um grande número de poloneses emigrou nos últimos anos, o que deu a eles novos conhecimentos, capacidade de adaptação e domínio de idiomas, algo cada vez mais apreciado pelo mercado de trabalho, e o tornará mais valioso no mercado polonês.