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Publicado em 28 de abril de 2023 às 10h29.
Última atualização em 28 de abril de 2023 às 11h04.
A taxa de desocupação no Brasil subiu e fechou em 8,8% no primeiro trimestre, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desemprego no Brasil chega a seu terceiro mês seguido de leve alta trimestral, novamente com queda puxada por trabalhadores sem carteira assinada. Ainda assim, o resultado representa o menor para um primeiro trimestre no Brasil desde 2015, segundo o IBGE, devido a fatores sazonais que fazem com que o começo do ano seja historicamente período de baixa no número de vagas.
O resultado ficou em linha com as projeções do mercado.
O número de desempregados no Brasil ficou em 9,4 milhões de pessoas no período, alta de 10% em relação ao trimestre anterior, de outubro a dezembro.
A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, afirmou que o resultado tem também componentes sazonais, passado o período de fim do ano. Por esse motivo, apesar da alta no percentual da população desocupada, o IBGE apontou que o resultado de 2023 representa o menor desemprego de um primeiro trimestre desde 2015 (quando a taxa foi de 8%).
“Esse movimento de retração da ocupação e expansão da procura por trabalho é observado em todos os primeiros trimestres da pesquisa, com exceção do ano de 2022, que foi marcado pela recuperação pós-pandemia", disse Beringuy, em nota.
"Esse resultado do primeiro trimestre pode indicar que o mercado de trabalho está recuperando seus padrões de sazonalidade, após dois anos de movimentos atípicos”, afirmou a coordenadora do IBGE.
Setores como agricultura, construção e comércio tiveram queda no número de pessoas ocupadas com forte participação do componente sazonal, segundo o IBGE.
A renda média real ficou estável em relação ao trimestre anterior (de outubro a dezembro) e, em relação ao mesmo período no ano passado, subiu 7,4%. A massa de renda real habitual também ficou estável em relação ao trimestre anterior e subiu 10,8% em relação ao mesmo período de 2022.
Como havia ocorrido no trimestre até fevereiro, o aumento no número de pessoas sem ocupação veio principalmente de trabalhadores não formalizados ou trabalhadores por conta própria com CNPJ. Já o número de trabalhadores com carteira assinada ficou estável.
“A queda na ocupação reflete principalmente a redução dos trabalhadores sem carteira, seja no setor público ou no setor privado”, disse Beringuy, do IBGE.
A taxa de informalidade no trimestre foi de 39,0% da população ocupada, com o Brasil chegando a 38,1 milhões de trabalhadores informais. Houve leve alta em relação ao trimestre anterior (38,8%) e queda em relação ao mesmo período de 2022 (40,1%).
O mercado de trabalho brasileiro, após ter atingido picos de desemprego durante a pandemia, vinha se recuperando sobretudo a partir do segundo semestre de 2022. A renda real, por exemplo, tem voltado a subir após chegar a seus piores resultados em uma década entre o fim de 2021 e o começo de 2022, diante do desemprego alto e inflação que chegou a superar 10% no período e ajudou a corroer os salários.
A partir de agora, porém, há debates entre os economistas sobre até onde irá o movimento de recuperação. Não se sabe ainda se a queda no desemprego seguirá para além do atual patamar de 8% ou 9% de desocupação. Caso as quedas na população ocupada vistas neste começo do ano continuem para além do primeiro trimestre, a indicação será de que a recuperação no mercado pode já ter chegado ao fim por enquanto.
Além dos movimentos sazonais, para 2023, há cenário de desaceleração da economia brasileira, em meio a fatores como o aperto monetário, riscos de inflação ainda no radar e crises globais, que têm levado empresas a enxugar quadros e segurar investimentos produtivos.
Neste início de ano, os números mostram que a tendência é que trabalhadores sem carteira assinada estejam entre os mais suscetíveis à volatilidade, enquanto o contingente de trabalhadores com carteira (39% da população brasileira) tem tido números estáveis, sem acompanhar o aumento do desemprego visto nos outros grupos.