Economia

PMI de agosto antecipa o ritmo da retomada nos EUA e na zona do euro

Indicador de atividade econômica com entrevistas a mais de 400 executivos é o primeiro com dados do mês corrente e antecipam rumo do PIB

Os resultados de agosto dos Estados Unidos serão importantes para entender o ritmo da recuperação da economia na maior economia global (Bill Pugliano/AFP)

Os resultados de agosto dos Estados Unidos serão importantes para entender o ritmo da recuperação da economia na maior economia global (Bill Pugliano/AFP)

LB

Leo Branco

Publicado em 21 de agosto de 2020 às 06h04.

Última atualização em 21 de agosto de 2020 às 23h17.

Nesta sexta-feira, 21, a divulgação de uma bateria de resultados de agosto para o indicador PMI, que mede a atividade econômica a partir de entrevistas com executivos da indústria e do setor de serviços, indicarão o ritmo de recuperação dos negócios após um segundo trimestre desastroso por causa da pandemia do novo coronavírus.

Pela manhã, a expectativa é para os resultados dos Estados Unidos, a serem divulgados a partir das 10h45 (horário de Brasília).

Os resultados europeus, divulgados nesta madrugada, mostram que a recuperação da economia na zona do euro pode estar desacelerando. O PMI da França foi de 57,3 em julho para 51,7 em agosto, com queda tanto em serviços quanto na indústria. O da Alemanha foi de 54,9 para 51,6 em agosto, também com queda nos dois setores. São os piores números em dois meses, desde o começo da recuperação em maio.

Ao todo, nos 17 países que compõem a zona do euro, o resultado ficou em 51,6, um pouco abaixo da expectativa dos economistas e uma forte queda ante o resultado de julho (54,9).

Sigla em inglês para Purchasing Manager Index, ou Índice Gerencial de Compras, numa tradução livre para o português, esse tipo de métrica traduz o nível de atividade num determinado setor, como indústria ou serviços.

O indicador é feito com base em entrevistas a mais de 400 executivos para entender a percepção deles sobre o volume de compras realizadas nas últimas semanas – e, daí, captar o nível de atividade econômica. Desenvolvida por institutos de pesquisas de mercado como o americano ISM e o britânico Markit Group, o PMI varia numa escala de 0 a 100. Em geral, resultados acima de 50 costumam estar relacionados a um ritmo forte da atividade econômica.

Esse tipo de informação ganhou relevância entre economistas. “Eles são os primeiros a trazer dados da atividade econômica do mês corrente”, diz Sergio Vale, economista da MB Associados. Assim, servem como uma prévia do PIB, um indicador mais robusto e difícil de ser coletado.

Em fevereiro, a queda brusca do PMI da indústria chinesa – o indicador tombou de mais de 60 para 30 – foi o primeiro indício das consequências graves do avanço da pandemia sobre o dia a dia dos negócios.

Os resultados de agosto dos Estados Unidos serão importantes para entender o ritmo da recuperação da economia na maior economia global. A expectativa é de resultados acima de 50, puxados pelos efeitos da injeção de recursos no auxílio emergencial a desempregados, o que deve impulsionar o consumo.

Mas ainda há dúvidas sobre o fôlego dessas políticas públicas sobre o dia a dia dos negócios. “O resultado de hoje vai ajudar a entender se recuperação será a uma velocidade de 60 km/hora ou a 90 km/por hora”, diz Arthur Mota, economista da EXAME Research.

Os países também temem que a recuperação seja piorada tanto pelo avanço de casos de coronavírus e pelas altas no desemprego. Os EUA têm tido recordes de novos casos diários com o avanço da doença em regiões como a Flórida, o que atrasa a reabertura prevista da economia. Os pedidos de seguro-desemprego nos EUA também voltaram a ficar acima de 1 milhão na semana passada, segundo dados divulgados ontem, mostrando recuperação lenta dos postos de trabalho dilacerados pela crise.

Na zona do euro, a situação do coronavírus ficou mais controlada nos últimos dois meses. Mas, ontem, na França, o país passou dos 4.000 casos diários pela primeira vez desde maio, e países como Alemanha, Itália e Espanha também vêm tendo altas, embora ainda não assustadoras. Os países temem ainda uma alta no desemprego à medida em que terminam os benefícios emergenciais dos governos que ajudaram as empresas a bancar a folha de pagamento na crise.

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