Economia

Plano Real poderia não ter sido lançado em 1994

Itamar Franco, então presidente da República, relutou até o último momento para indicar Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda

Veja agora o ranking mundial (Reprodução/YouTube)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h03.

Última atualização em 14 de junho de 2024 às 17h29.

O Plano Real, que conseguiu controlar a inflação e permitiu ao país fôlego para se dedicar a uma nova agenda econômica, poderia não ter sido lançado em 1994 (veja, na tabela abaixo, as moedas que o Brasil já teve). Até o último momento, o então presidente Itamar Franco relutou para indicar Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda, no lugar de Elizeu Resende. Pressionado por um grupo próximo de colaboradores, Itamar pensou em nomear o banqueiro José Eduardo Andrade Vieira, então ministro da Indústria e do Comércio. Se ele tivesse assumido o ministério, o Plano Real teria sido, no mínimo, adiado. O mais provável é que a equipe econômica montada por Andrade Vieira optasse por uma nova tentativa de estabilizar o país por meio do congelamento de preços e de outras medidas que já haviam sido testadas.

O episódio é narrado pela jornalista Maria Clara R.M. do Prado, em seu livro A Real História do Real (Editora Record, 574 páginas, 49,90 reais), que será lançado na próxima sexta-feira (19/8). Maria Clara, assessora do Ministério da Fazenda na época da elaboração e lançamento do Plano Real, conta que FHC, então ministro das Relações Exteriores, foi convidado para a Fazenda por Itamar na noite de 19 de maio de 1993, durante viagem pelos Estados Unidos.

Em um telefonema curto, Itamar declarou que a situação de Elizeu Resende era insustentável e que desejava substituí-lo por FHC. O então chanceler negou o convite e procurou convencer o presidente a manter Resende no cargo. No fim da conversa, afirmou que, se não houvesse outra saída, colocava-se à disposição para a nova função.

O presidente e seus assessores mais próximos reuniram-se em Brasília naquela mesma noite e viraram a madrugada em busca de alternativas. Segundo Maria Clara, Itamar hesitou até o último momento entre os nomes de FHC e de Andrade Vieira. Acabou convencido pelo deputado federal Roberto Freire (PPS-PE), que, na época, era o líder do governo na Câmara. Freire defendeu FHC o tempo todo.

Brasil teve cinco moedas na "Nova República"
Moeda
Histórico
Cr$ (Cruzeiro)Nov/1942O antigo "Mil Réis" (Rs. 1$000) é substituído pelo "Cruzeiro" (Cr$).
Dez/1964Extindo o centavo, passando o "Cruzeiro" a ser grafado Cr$ 1.
NCr$ (Cruzeiro Novo)Dez/1967Cr$ 1.000 foram substituídos pelo "Cruzeiro Novo", com o restabelecimento
dos centavos, passando a ser grafado NCr$ 1,00.
Mai/1970Restabelecida a expressão "Cruzeiro" (Cr$) com a eliminação da expressão
"Cruzeiro Novo" (NCr$).
Ago/1984Extinto o centavo, passando o "Cruzeiro" a ser grafado Cr$ 1.
Cz$ (Cruzado)Mar/1986Cr$ 1.000 foram substituídos pelo "Cruzado" (Cz$) com o estabelecimento
dos centavos, passando a ser grafado Cz$ 1,00.
NCz$ (Cruzado Novo)Jan/1989Cz$ 1.000,00 foram substituídos pelo "Cruzado Novo", passando a ser grafado
NCz$ 1,00.
Cr$ (Cruzeiro)Mar/1990A expressão "Cruzado Novo" é substituída pelo antigo "Cruzeiro", grafado
como Cr$ 1,00.
CR$ (Cruzeiro Real)Ago/1993Cr$ 1.000,00 foram substituídos pelo "Cruzeiro Real", grafado CR$ 1,00.
R$ (Real)Jul/1994CR$ 2.750,00 (Valor da URV - Unidade Real de Valor em 30/06/94) são substituídos
pelo "Real", grafado R$ 1,00.
Fonte: Economista José Carlos Bohne
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