China: Xi encerrou nesta segunda-feira seu 1º fórum internacional sobre a iniciativa com o apoio de 29 chefes de Estado, como o presidente russo (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)
EFE
Publicado em 15 de maio de 2017 às 18h55.
Última atualização em 15 de maio de 2017 às 21h29.
Pequim - Quase quatro anos depois de apresentá-lo em público, o presidente da China, Xi Jinping, conseguiu nesta segunda-feira apoio internacional para iniciar seu projeto global de investimentos em infraestruturas perante as suspeitas de importantes atores mundiais como Alemanha e Estados Unidos.
Xi encerrou nesta segunda-feira seu primeiro fórum internacional sobre a iniciativa com o apoio de 29 chefes de Estado, como o presidente russo, Vladimir Putin; o turco, Recep Tayyip Erdogan; e o argentino, Mauricio Macri; assim como dirigentes de organismos multilaterais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Durante dois dias, políticos e empresários louvaram a iniciativa, que a China classificou como "projeto do século", o que levou Xi a concluir hoje que "o fórum enviou uma positiva mensagem ao resto do mundo: de que trabalharemos juntos para uma comunidade de destino compartilhado por toda a humanidade".
Mas nem tudo foram afagos. Enquanto o Banco Mundial e o FMI advertiam para a dificuldade de cumprir as promessas do plano - "benefícios para todos", entre outros -, a União Europeia (UE) e países como Alemanha e EUA, que não enviaram delegação de alto nível, insistiram na necessidade de que a China garanta uma maior abertura comercial e de investimentos para se envolverem.
A Índia, outro ator muito importante para esta iniciativa, não enviou representação e criticou o plano de Pequim em uma dura declaração divulgada na véspera da reunião.
Após as discussões, a China fez algumas concessões e se comprometeu a impulsionar as infraestruturas levando em conta os "padrões internacionais quando puderem ser aplicados".
No comunicado final assinado pelos países que enviaram seus líderes, Pequim aceitou incluir no papel objetivos de abertura no futuro, como a igualdade de oportunidades na licitação de projetos e o respeito às normas internacionais de financiamento.
Além disso, o fórum insistiu em sua oposição a "toda forma de protecionismo" e a favor de uma "economia aberta" na qual se garanta um comércio "livre e inclusivo".
"Nós nos comprometemos a promover um sistema de comércio universal regulado, aberto, não discriminatório e igualitário, sob o marco da Organização Mundial do Comércio (OMC)", afirma um dos trechos do comunicado conjunto.
Em um momento de frágil crescimento global e perante as oportunidades que se apresentarão caso a iniciativa seja bem sucedida, as promessas da China convenceram líderes dos cinco continentes, mas mesmos estes a acolheram com certa cautela.
"Se as coisas forem bem feitas, pode ser muito benéfica para todos", declarou o presidente do governo da Espanha, Mariano Rajoy, em uma entrevista coletiva na qual ressaltou que se trata de um projeto para o "médio e longo prazo".
Outras fontes europeias reagiram na mesma linha em declarações à Agência Efe, à espera de ver como se traduzem na prática os bons desejos de Pequim.
Por enquanto, a iniciativa chinesa, batizada com o nome de "Novas Rotas da Seda", planeja investimentos de centenas de bilhões de dólares no longo prazo em projetos na Eurásia, África e até na América Latina, sob o guarda-chuva financeiro de bancos chineses, mas também do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, uma entidade multilateral impulsionada por Pequim.
Xi anunciou nesta entrevista que a China aumentará suas contribuições com um repasse do governo de US$ 14,5 bilhões, além de outros US$ 55 bilhões em empréstimos de bancos oficiais, que se somam aos US$ 40 bilhões já prometidos anteriormente.
Uma grande aposta em um momento crucial na carreira política de Xi: a ponto de completar cinco anos como líder da potência asiática, em plena incursão na liderança mundial e a poucos meses de uma importante substituição de poderes na cúpula do Partido Comunista Chinês que marcará seu legado.