Economia

Planejamento libera R$ 5 bilhões do Orçamento de 2017

Governo aproveita a melhora da arrecadação para liberar mais recursos para os órgãos federais na reta final do ano

Dyogo Oliveira: resultado positivo da arrecadação em novembro abriu espaço para o governo federal fazer uma liberação adicional (José Cruz/Agência Brasil)

Dyogo Oliveira: resultado positivo da arrecadação em novembro abriu espaço para o governo federal fazer uma liberação adicional (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de dezembro de 2017 às 15h18.

Última atualização em 20 de dezembro de 2017 às 18h39.

Brasília - O Ministério do Planejamento anunciou nesta quarta-feira, 20, a liberação de R$ 5,003 bilhões no orçamento deste ano, de um total de R$ 24,6 bilhões que ainda estavam bloqueados. O descontingenciamento foi antecipado pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado). Esse é o terceiro desbloqueio consecutivo de recursos do orçamento deste ano.

Diante das frustrações de receitas esperadas para o decorrer de 2017, o governo contingenciou R$ 42,1 bilhões ainda em março para sinalizar que cumpriria a meta de déficit primário que, até então, era de um rombo de R$ 129 bilhões.

Em maio, houve uma liberação de R$ 3,1 bilhões, mas o governo se viu forçado a bloquear mais R$ 5,9 bilhões ainda em julho. Com a mudança da meta fiscal deste ano para um déficit de R$ 159 bilhões em setembro, o Planejamento pôde liberar então R$ 12,824 bilhões naquele mês para recompor a execução orçamentária.

Com a melhora da atividade econômica e da arrecadação de tributos, novos desbloqueios puderam ser feitos em novembro, em R$ 7,5 bilhões, e agora, em R$ 5,003 bilhões. Ainda assim, o orçamento de 2017 chegará ao fim de dezembro com um corte de R$ 19,6 bilhões em relação ao previsto na Lei Orçamentária deste ano.

Parâmetros

A liberação de R$ 5,003 bilhões no orçamento deste ano, anunciada pelo Ministério do Planejamento, veio acompanhada da revisão dos parâmetros macroeconômicos de 2017 conforme a grade divulgada pelo Ministério da Fazenda na semana passada. A nova projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano é de 1,1%, ante a estimativa anterior de alta de 0,5%.

A projeção da equipe econômica para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017 caiu de 3,20% para 2,88%, conforme o relatório de mercado Focus divulgado pelo Banco Central na semana passada. Nesta semana, os analistas consultados pela autoridade monetária já voltaram a reduzir essa previsão para 2,83%.

A previsão para a variação do IGP-DI passou de -1,0% para -0,7%. A estimativa para o câmbio médio deste ano recuou de R$ 3,20 para R$ 3,19. Já a projeção para a alta da massa salarial real continuou em 5,1%.

Na semana passada, a Fazenda também atualizou a projeção para alta do PIB em 2018, de 2,5% para 3,0%.

Despesas obrigatórias

A liberação mais R$ 5,003 bilhões no Orçamento de 2017 foi possível graças à redução na projeção de despesas obrigatórias a serem feitas este ano. Segundo o Ministério do Planejamento, esses gastos serão R$ 4,566 bilhões menores do que a estimativa anterior. Já nas receitas, houve incremento líquido de R$ 436,9 milhões nas projeções do governo.

A maior redução nas despesas obrigatórias foi observada nos subsídios e subvenções, com diminuição de R$ 2,944 bilhões. O governo também diminuiu em R$ 1,292 bilhão a previsão de despesas com créditos extraordinários. Os gastos com abono e seguro desemprego, por sua vez, foram revisados para menor em R$ 678,2 milhões.

O Planejamento também diminuiu a previsão de demais despesas obrigatórias, em R$ 158,4 milhões, e com despesas com controle de fluxo do Poder Executivo, em R$ 50,9 milhões.

Por outro lado, houve incremento na estimativa de despesas com benefícios previdenciários, em R$ 274,6 milhões, e com o complemento do FGTS, de R$ 232,5 milhões.

Em termos de arrecadação, o governo aproveitou para incorporar o resultado acima do previsto em novembro nos tributos administrados pela Receita Federal (R$ 2,458 bilhões), nas receitas previdenciárias (R$ 468,9 milhões) e nas receitas não administradas (R$ 669,0 milhões).

Algumas baixas, no entanto, acabaram atenuando esse resultado positivo, como a redução na expectativa de arrecadação de operações com ativos, que gerou reprogramação nas receitas do Fundo Soberano do Brasil (FSB) em R$ 2,287 bilhões. A estimativa de receitas próprias também caiu R$ 1,287 bilhão.

O governo ainda reduziu a previsão de arrecadação com dividendos em R$ 705,7 milhões.

Acompanhe tudo sobre:GovernoMinistério do PlanejamentoOrçamento federal

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto